Volta e meia, eu menciono meu falecido Nintendo DS Lite preto, com a mesma saudade que falo de amigos perdidos do Ensino Médio e de amores que nunca foram. Tivemos três anos muito felizes, nos quais redescobri os videogames depois de praticamente abandoná-los na sexta geração. Infelizmente, ele partiu para o Céu dos Eletrônicos Recondicionados em 2012 e foi sucedido - jamais substituído - por um 3DS. E um 3DS XL. E um DSi. Talvez eu não tenha superado.

Sempre fui muito fã de jogos de plataforma e encontrei vários que adorasse no DS. Porém, quando o gênero surgia nas rodinhas de conversa sobre o portátil, é como se sempre surgissem os mesmos jogos: New Super Mario Bros., Super Mario 64 DS e Sonic Rush. Às vezes, alguém timidamente lembrava de Super Princess Peach. Porém, dificilmente encontrava quem sequer tivesse jogado The Legendary Starfy.

Hoje, então, venho corrigir essa injustiça. Hoje, vamos todos descobrir o que acontece quando misturamos Kirby e água!

Starfy teve sua série iniciada em 2002, no Game Boy Advance. Densetsu no Stafy foi desenvolvido pela TOSE inicialmente para o Game Boy Color, mas o lançamento de seu sucessor fez com que a produção fosse portada para o portátil da próxima geração. O jogo fez grande sucesso  no Japão, a ponto de serem lançadas duas continuações para o GBA. Uma para o DS e um título independente, também para o DS - sendo esse, o primeiro lançado na América do Norte, como The Legendary Starfy.

O primeiro título a chegar aqui não fez feio: The Legendary Starfy é um jogo sólido de plataforma, muito remanescente de Kirby - tanto na fofura, quanto no level design - o game foi feito tanto para ser experimentado em pequenas doses com saves abundantes e fases rápidas, quanto para passar horas averiguando todos os cantinhos do mapa, para não deixar escapar um bônus sequer.

Na contramão dos jogos de plataforma tradicionais, Starfy predominantemente nada em vez de andar e pular, embora faça suas aparições em terra firme. Contudo, tudo o que amamos no gênero está presente aqui: exploração, vários colecionáveis, reféns no fim dos mundos e as inoxidáveis plataformas. Além disso, temos power-ups absolutamente adoráveis: estão à nossa disposição roupinhas de dragão, fantasma, galinha e foca. Tudo para salvarmos Bunston do Terrible Trio.

O jogo possui uma dificuldade baixa para jogadores mais experientes, mas que torna a experiência de quem está chegando agora menos frustrante: além dos já mencionados save points por todos os lados, as fases são bem diretas e os puzzles relativamente simples. Porém, o game compensa em variedade - chefões desafiantes que ocupam as duas telas do portátil, power-ups diversos que modificam a experiência de jogo e um multiplayer local (com a irmãzinha de Starfy, Starly) divertidíssimo, que pode servir para os mais manjadores darem uma forcinha pro irmão mais novo que simplesmente não consegue progredir.

Some a tudo isso uma direção de arte bacana (e muito parecida com a de Super Princess Peach, também filho da TOSE, no qual Starfy fez uma participação especial), mini-games difíceis de largar e pergunte-se: por que a série levou cinco títulos pra sair do Japão? Porque era "muito japonesa" para os jogadores ocidentais, aparentemente. Ok.

Vai chorar?

Pontos positivos	Pontos negativos	Nota final
Um jogo de plataforma sólido e honesto Centenas de colecionáveis, que proporcionam um mar de fofura Modo multiplayer local colaborativo perfeito	Curva de dificuldade baixa Jogo relativamente difícil de encontrar à venda História praticamente inexistente (mas não é empecilho em um jogo de plataforma)	8