Há alguns anos, muito se falou, principalmente na internet, sobre um garoto no Japão que aparentemente havia se casado com o seu Nintendo DS; na verdade, não exatamente com o aparelho, mas sim com uma das personagens de um jogo chamado Love+ (Love Plus), cujo qual nem sequer teve uma adaptação para o ocidente. O jogo segue um estilo muito popular no Japão, o Visual Novel, onde há um nome específico para o caso em que a ambientação toda gira em torno de relacionamento com garotas. A intenção desses e tantos outros jogos é fazer com que seus proprietários possam fugir um pouco dos problemas do cotidiano, uma espécie de válvula de escape e o que ocorreu com aquele garoto é uma extrapolação do jogo. Entretanto, isso já vem ocorrendo em diversos outros jogos como por exemplo Second Life, cujo nome já diz bem porque as pessoas se envolvem tanto. Mas por que as pessoas chegam nesse ponto?

O “forever alone”

Hoje em dia chamamos esses casos de "forever alone", mas antes disso, sempre teve ao menos uma pessoa em sua sala durante a oitava série, sétima, colegial e etc, que era sempre excluída, péssima nos esportes, sem namorada, o “looser” da turma. Em geral, ridicularizado, essa pessoa também quer ter sua felicidade e conforme se afasta dos “fortões” e “patricinhas”, ele se depara com um mundo que não o julga, um mundo onde ele pode ser praticamente quem quiser. A questão é que esse mundo é uma fantasia e toda fantasia tem seu fim, se uma pessoa não enxerga o seu fim, aí sim que o problema começa, foi o caso do garoto que casou com o seu Nintendo DS.

Há vários fatores que podem fazer com que alguém chegue nesse ponto, um deles pode ser a constante exclusão e fraco acompanhamento dos pais, alguns pais simplesmente acham que o filho está sempre bem, cheio de amigos e preferem ignorar a outra possibilidade, porém quando veem o filho jogando videogame o dia todo, assume que ele provavelmente está apenas viciado em “joguinhos”. Deixo claro que não acredito que todo mundo que joga videogame é um excluído social ou coisa assim, essa é apenas um tipo de gamer que continua surgindo cada vez mais e é “alimentado” com jogos sociais bem feitos e inclusivos.

A culpa é que quem então?

Muitos poderiam dizer que a culpa é dos populares da escola que excluem os outros, mas isso não é uma verdade absoluta afinal os tais populares da escola tem seu estilo de vida e se o seu não cabe no deles não faz sentido mesmo andar com eles. A culpa muitas vezes é do próprio gamer; muitas pessoas não aceitam bem o fato de simplesmente não fazer parte de um grupo e o ideal seria criar seu próprio circulo de amigos e não deixar que outras pessoas digam que seus amigos são piores que outros. Claro que o bullying ainda é um grande problema e nem todos são obrigados a ter uma auto estima nas alturas o tempo todo para conseguir lidar com tantos problemas, então eu demoraria muito até tentar chegar a qualquer conclusão sobre a culpa, porém tentarei dar umas dicas.

A vida é tão diferente assim?

Esse jogos, como Love Plus, tem um nome que representa bem eles: jogo social, se ele é social de certa forma ele é baseado em nossa sociedade, é claro que de forma muito mais “bonitinha” e sem tantos defeitos, porém com uma base real. Muito das coisas que acontecem lá até mesmo poderiam acontecer na vida real ou pelo menos acontecer de forma próxima, o que para um jogo como Love+ é muita coisa. A dica que poderia dar seria aproveitar o que esse jogo pode trazer para você, tomar atitudes semelhantes (com seus limites óbvios). Será que falar com aquela garota que você gosta é tão aterrorizante assim? O que você perderá tomando uma atitude? No máximo, descobrir a verdade, que por mais que seja dolorosa as vezes faz bem.

Jogos como Second Life incentivam a criação de grupos com interesses parecidos, isso é outra coisa que pode funcionar bem para a vida real, procurar pessoas com gostos semelhantes para conversar e fazer novas amizades já que hoje em dia é fácil achar na internet comunidades de pessoas que gostos semelhantes, eventos, encontros, etc. Todos os jogos podem lhe dar alguma lição e os que tem maiores aspectos sociais podem nos ajudar a viver mais intensamente, ou melhor de forma geral.

Os jogos

Por fim, vou recomendar alguns jogos que podem trazer coisas ótimas para a vida, sejam lições de vida ou simplesmente uma amostra de que a vida pode sim ser melhor, você pode sim conseguir mais amigos e não é preciso ter medo de viver, ficar no videogame o dia todo jogando e tornar isso um verdadeiro vício é perigoso, tentem tirar o melhor dos jogos e usar na sua vida.

Persona 3 e 4

Persona é um RPG que mistura características sociais com batalhas clássicas de RPG, lembra muito um anime o seu estilo, enredo e desenho. Conforme você adquire laços com pessoas, amplia amizades, sai com amigos, conhece tipos diferentes de pessoas; seus “monstros” vão ficando mais fortes. É muito legal mostrar a conciliação que o personagem consegue fazer entre, estudos, aventuras e amizades e me deu muita vontade de sair ainda mais com meus amigos, me fez não ter medo de conhecer pessoas novas, é demais, de longe um dos meus RPGs favoritos.

The World Ends With You

O seu personagem nesse jogo entra na história com uma visão muito pessimista sobre as pessoas, preferia ficar isolado do mundo e apenas dar um jeito de terminar tudo aquilo, porém conforme o jogo avança ele vê a importância de ter amigos, parceiros e descobre que o mundo não acaba no seu umbigo, mas começa com você e suas atitudes. Além, é claro, de ser um RPG feito pela Square-Enix, então pode apostar em um jogo de altíssima qualidade.

Queria também deixar um link para um texto que fiz falando especificamente sobre os jogos da série persona relacionando com esse tema.

http://www.silver-think.blogspot.com/2010/12/time-2-think-social-life.html