[Matéria] Crossovers na indústria de jogos
Por André Aranovich
Se existe algo popular em qualquer indústria que possui uma série de personagens que possuem uma base de fãs considerável são os famigerados crossovers, união de personagens de duas séries distintas em um único cenário. Diferente de um cameo qualquer, que faz uma pequena alegria para os fãs, os crossovers são verdadeiros fan-services em forma de um novo projeto.
Mas será que é somente um fan-service sem nenhuma outra proposta? Vamos pensar em um exemplo clássico, a série Super Smash Bros., temos personagens com uma forte base de fãs, Mario Bros, Link, Pikachu, Samus Aran e.. Pit? Quando esse anjo foi anunciado a maioria das pessoas que viram o trailer de lançamento nem sequer sabiam de onde ele era. Quem se lembraria de um anjo que competiu com a famosa caçadora de recompensa na época do NES? Depois que todos ficaram sabendo sobre o personagem, ele se tornou popular automaticamente, o mesmo pode-se dizer da dupla Ice Climbers, os guerreiros de Fire Emblem ou a não tão popular série, Earthbound. Como no caso de Kid Icaurs, todas as séries viraram sucessos instantâneos.
A tática de usar uma série renomada para tornar outros jogos famosos é muito inteligente. No que parece ser um simples jogo feito para os fãs, na verdade, é uma propaganda de séries que não foram tão bem sucedidas, podendo-se usar títulos antigos com a vantagem de que o personagem já está na nos holofotes da mídia. A série concorrente, Playstation All-Stars Battle Royale, colocou um personagem cultuado pela geração atual, o sanguinário Kratos, junto com outros que já viram dias melhores, caso de Parappa The Rapper, unindo o útil ao agradável, também colocaram personagens de third parties que irão ter novos jogos lançados, como Dante, Bid Daddy e Raiden, uma propaganda gratuita para os novos títulos que estavam (estão) para sair.
Em crossovers mais específicos temos a utilização de personagens com temáticas parecidas em um mesmo jogo, o melhor exemplo disso é Professor Layton Vs. Ace Attorney, ambas as séries tem um enorme foco no uso da inteligência para o desenrolar da trama, focando no mesmo tipo de jogador. Para todos os fãs de Professor Layton é um jogo imperdível, e para todos os fãs de Ace Attorney, também. O jogo vai vender para os dois públicos e com a presença constante de personagens de ambas a séries interagindo traz certo interesse em experimentar a série que até então a pessoa não havia jogado.
Se personagens com temas semelhantes fazem isso, então imagina aqueles de uma mesma série? Dissidia Final Fantasy e Tales of Radiant Mythology misturam os mundos dos vários capítulos da série (Para quem não sabe, os vários jogos dessas séries não possuem nenhuma relação além de compartilharem o mesmo título) em um fã-service apropriado. Se você gosta daquele personagem que segura uma espada maior do que o próprio corpo a chance de gostar de outro que possui uma ideia semelhante é alta e, com essa curiosidade, buscar outros títulos da série para virar um comprador assíduo é considerável também.
Um dos últimos anúncios de um certo Nintendo Direct mostrou o inédito crossover entre Fire Emblem e Shin Megami Tensei. Que mistura o conceito dos dois últimos parágrafos em um só jogo. Temos duas séries de RPG-Tático com vários personagens de cada capítulo da franquia, para que possamos ter mais vontade de conhecer os mundos de cada uma das séries, além das próprias séries
Com tantos exemplos citados e tantos outros fáceis de lembrar, essa jogada de marketing está se tornando cada vez mais popular, mas será que essa saturação de títulos combinados vai continuar dando certo? O público não irá enjoar de ver várias carinhas conhecidas sendo usadas até a exaustão? Provavelmente, só o tempo dirá se isso continuará dando certo ou não.