Nintendo - 20/08/2013

[Review] Resident Evil Revelations HD



Survive the Horror...revive the real Survival Horror


Resident Evil Revelations sofre do mesmo problema que Twilight Princess sofreu na série Zelda. Aqui, os fãs ficam pedindo por um “retorno às origens”, com uma jogabilidade mais clássica que remeta aos primeiros jogos, sem perceber que isso já está acontecendo nesse episódio da série. Em Revelations, muitos elementos nostálgicos estão de volta, como a escassez de munição em alguns momentos (em contraponto com outros de extremo excesso), lugares fechados e claustrofóbicos, sombras e gemidos que surgem do nada, criando um clima de medo e tensão. Tudo isso foi trazido da jogabilidade clássica dos primeiros jogos para deixar os fãs mais saudosos satisfeitos com o resultado.

É claro que, com o rumo que a série tomou nos últimos anos, um pouco de ação teria que ser implantada, mas ainda assim as cenas de ação são muito mais lentas do que as apresentadas em Resident Evil 5 e 6. Twilight Princess sofreu do mesmo problema, em que as pessoas pedem até hoje um Zelda mais adulto e realista, sem se dar conta de que Twilight Princess já foi o mais adulto e realista que um Zelda conseguiu ser, realizando um excelente trabalho ao fazê-lo.



Ousado em sua concepção inicial no 3DS, Revelations levou o portátil ao extremo, apresentando – logo no início da vida do console – gráficos de tirar o fôlego, mostrando que o 3DS é um sistema poderoso, capaz de fazer qualquer coisa que os desenvolvedores quisessem. Quando transportado para o Wii U, o jogo elevou sua beleza ao extremo.

Totalmente refeito em HD, ele está tecnicamente lindo, apresentando uma ou outra textura mais mal acabada, mas como um todo, mostra-se um jogo muito bem cuidado nos mínimos detalhes. Foi um trabalho de primeira linha da Capcom, pegar um jogo que já era esteticamente perfeito, e transformá-lo em algo incrivelmente mais belo. Dica: (vale para qualquer jogo do Wii U) Quando jogado no GamePad, as cores ficam mais escuras, deixando tudo mais polido e bonito.

O mal assume sua melhor foma


A história do jogo é centrada em Jill que, com seu novo parceiro Parker, está investigando um navio infectado por um vírus que causa mutações que ela nunca havia visto antes, mesmo já estando calejada de ver coisas bizarras nas aventuras anteriores. Paralelo a isso, Chris e Jessica estão investigando a queda de um avião, que levará os dois a uma busca por Jill e Parker, que agora estão correndo perigo e precisam ser resgatados do meio do oceano. A história trabalha com indas e vindas no espaço e no tempo, criando uma trama misteriosa de intrigas, traições, manipulações e muita coragem da parte dos heróis (afinal nunca ficou exatamente claro o porque de, quando o mundo está em perigo, os agentes de campo serem enviados sozinhos ou de dois em dois, sabendo que o risco é algo grande e fora de controle, mas é isso o que mais amamos em Resident Evil, sua coerência deturpada).

Muita gente tem uma rejeição inicial (e até final) com Revelations, até porque sua história parece meio perdida no meio do nada e sem pé nem cabeça. Mas a série já passou por muitos episódios sem pé nem cabeça até construir uma história concisa de ganância, poder, heroísmo e infestação mundial. Revelations é muito mais do que aparenta inicialmente, servindo como uma espécie de prólogo para Resident Evil 5. E por mais que você, caro leitor, não goste de Resident Evil 5, não há como negar que ele tem uma das histórias mais profundas e interessantes de toda a série, e Revelations explica alguns eventos anteriores a ele, deixando tudo ainda mais interessante e inteligente.



Essa trama um tanto quanto complexa faz com que diversos personagens sejam apresentados na história para que apenas posteriormente, depois de certo tempo de convivência, possamos descobrir quais são suas reais motivações, assim como acontece nos capítulos anteriores.

E é aí que está a característica mais marcante de Revelations: a quantidade de personagens jogáveis. Seguindo mais ou menos o caminho de Eternal Darkness (e nos fazendo perguntar “poxa, porque nunca fizeram isso antes em Resident Evil”), você controla 4 personagens em diversas situações diferentes, e que sempre trabalham em duplas. Jill e Parker, Chris e Jessica, Parker e Jessica, Keith e Quint e (como não poderia deixar de ser, a dupla de maior sucesso da série) Jill e Chris.

O jogo acontece em diversos lugares e épocas diferentes, fazendo com que você possa jogar inclusive os flashbacks, ao invés de apenas vê-los em cutscenes. Isso enriquece a experiência, fazendo com que você se preocupe mais com personagens secundários, uma vez que você controla suas ações, munições, e espera que eles não morram para que possa dar continuidade em suas histórias mais pra frente.



Resident Evil 6 acabou adaptando a mesma ideia, criando uma jogabilidade com 3 personagens diferentes (em suas respectivas duplas) em 3 campanhas diferentes, que se cruzam no caminho. Mas não se compara à experiência de Revelations que, apesar de ter apenas um personagem jogável a mais, é muito mais intensa e profunda.

Seu armamento é limitado em 3 armas no inventário (podendo ser trocadas nos item box por outras que vc ganha) e sua munição, bombas e ervas também são em quantidade restrita, fazendo com que você tenha que deixar muita coisa para trás em momentos de fartura e que entre em certo desespero por itens nos momentos de escassez.

Para te ajudar um pouco, você conta com um dos itens mais geniais já inseridos na série, o scanner. Bem semelhante ao esquema de Metroid Prime, você deverá escanear todas as salas e inimigos, para obter informações. Cada vez eque um inimigo morto é escaneado, você recebe uma porcentagem em seu visor, e sempre que atingir 100% você ganhará uma erva. Além disso, escanear o ambiente revela itens escondidos nas salas, que podem ser munições, bombas, chaves, passcards, etc.

Ousado...talvez não o suficiente...


A utilização do GamePad é ao mesmo tempo inventiva e falha. O mapa é exibido constantemente na tela do controle, facilitando seu caminho no jogo, permitindo que você possa ver por onde está indo, quais salas estão abertas, quais estão fechadas, de onde veio, para onde vai, etc. Além disso, a troca de armas está a um toque de distância, perfeitamente posicionadas no canto direito da tela, suas armas podem ser trocadas com facilidade durante o encontro com os monstros, facilitando a vida do jogador. As ervas podem também ser acionadas pela tela, mas basta apertar o botão “A” e você utiliza uma erva, recuperando sua vida.

Exibir o mapa constantemente é uma utilização mais eficaz do que duplicar a imagem da TV o tempo todo (shame on you, New Super Mario Bros U.), mas nem tudo são flores na utilização do GamePad com eficiência. Apesar de utilizar o recurso de forma inteligente e eficaz, como para religar algumas portas e elevadores utilizando aqueles slots de energia que devem ser reordenados, pequenos detalhes foram deixados de lado, como utilizar o GamePad para desparafusar as portinholas que dão acesso a estes mesmo slots de energia e – principalmente – faz muita falta não poder utilizá-lo para dar upgrade nas armas. Existe um botão do jogo no GamePad chamado “Menu”, e quando você o acessa, tem controle sobre itens, cartas, armas e um mapa completo do local, mas isso não pode ser controlado pela tela do controle, assim que você acessa o Menu, todo o controle é realizado por botões e aparece apenas na TV.



Nem o menu inicial do jogo, quando você escolhe o modo de jogo, opções, etc, é acessado pelo GamePad, tudo é controlado apenas por botões e visto somente na TV. Ter isso tudo sendo acessado pelo GamePad agilizaria o processo e, apesar de parecerem coisas pequenas que foram deixadas de lado, elas foram deixadas de lado, e demonstrariam um cuidado muito maior caso não tivessem sido. A perfeição está nos detalhes. Mas apesar de muitos desenvolvedores (principalmente a própria Nintendo) parecerem não saber o que fazer com o GamePad, ou simplesmente não se preocuparem em fazê-lo, demonstrando certa preguiça, Resident Evil Revelations ainda tem (de longe) uma das melhores utilizações de toda a biblioteca do Wii U.

...mas ainda assim, uma experiência completa.


O jogo apresenta 3 modos de jogabilidade, explorando toda a capacidade de interação do gamePad com a TV.

O modo Off-TV Play, que permite que o jogo seja jogado inteiramente pelo GamePad. Quando este modo é ativado, a imagem da TV continua aparecendo, mas sem som, para que ela possa ser desligada ou que outra pessoa possa mudar o input da TV e assistir ou jogar outra coisa, enquando você vive a aventura inteiramente no controle.

O modo Clássico utiliza o GamePad e a TV, com o jogo acontecendo todo na tela da TV enquando você controla na tela touch os comandos de armas, visualiza o mapa, acessa itens, memos, etc.

E o Modo TV, em que o jogo acontece totalmente na TV. Neste modo a tela do GamePad não é utilizada para nada, e quando você precisa acessar seus itens ou o mapa, o mesmo surge na TV, interrompendo o jogo para que você possa realizar suas ações de menu.

Além disso, nas configurações do jogo, você pode escolher 2 tipos de controle. O Classic, em que o analógico esquerdo realiza toda a movimentação do personagem (modo utilizado em Resident Evil 4 e 5) e o Shooter, em que os dois analógicos são responsáveis pela movimentação do personagem (modo utilizado em Resident Evil 6).

Além disso, ainda existe o Raid Mode, que aumenta a vida útil do jogo permitindo que você revisite os capítulos para derrotar dezenas de inimigos que estarão espalhados pelo cenário. Este modo pode ser jogado sozinho ou online (com direito a chat de voz). Antes de começar as missões você pode escolher seu personagem, armas, e qual capítulo deseja revisitar. Mas não é simples assim. Para jogar o Raid Mode você deverá prosseguir no modo Campanha do jogo, e então os capítulos e personagens vão sendo liberados no Raid.



O jogo também faz uma interação interessante com o Miiverse, permitindo que você poste mensagens toda vez que morre, podendo ver logo na sua tela de “You are dead” as mensagens de outros usuários que morreram exatamente naquele mesmo lugar. Esse recurso pode até ser útil para que você encontre mensagens de outras pessoas que podem te ajudar a passar por algum capítulo mais complicado. Ou simplesmente para se divertir com os desenhos que os usuários fazem quando morrem.

Resident Evil Revelations está longe de ser o melhor jogo já criado para a série, mas seu estilo se distancia (e muito) do caminho um pouco torto que a série tomou no icônico Resident Evil 4 até se perder de vez em Resident Evil 5 e 6. O jogo é sólido, com uma história interessante e personagens carismáticos, tanto os clássicos quanto os novos. Tem uma apresentação ousada e um gameplay fluído e intuitivo. E nada melhor do que, no final da aventura, se ver são e salvo em um helicóptero. Afinal de contas é esse tipo de finalização que faz a série Resident Evil ser tão especial como ela é.



E - para os apressadinhos - quando terminarem o jogo, não esqueçam de ver a cena que acontece após os créditos finais ;)

Pontos positivos Pontos negativos Nota final
  • Resgata o estilo Survival Horror que consagrou a série
  • Boa utilização do GamePad
  • Vários personagens jogáveis, deixando a experiência mais interativa
  • Boa utilização do GamePad, que podia ser excelente se fosse um pouco mais ousado
  • Acabamento "quase" impecável deixou muitas texturas indignas de seu status "HD"
9,6

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