O mundo fantástico, campestre e sem muitas novidades de Rune Factory 4
Por Mario Toledo
Cuidar de uma fazenda já é uma tarefa difícil. Some isto a dificuldade de enfrentar monstros, agradar desejos de moradores da cidade e ter de ganhar a vida com a venda de seus produtos, e você têm a fórmula padrão dos jogos de Rune Factory.
Os títulos para o Nintendo DS fizeram um grande sucesso entre os fãs do gênero - e eu me incluo neste grupo. Joguei a maioria dos jogos da franquia (uns mais do que os outros), e fiquei muito ansioso quando uma versão para o Nintendo 3DS foi anunciada.
Rune Factory 4 foi lançado no Japão em Julho de 2012, e levou mais de um ano para ser localizado no ocidente. Apesar disto já ser costumeiro com os títulos de Rune Factory (e outros demais jogos japoneses), é difícil não culpar a XSEED por demorar no processo de tradução do jogo. Todos os jogos de Rune Factory para o Nintendo DS haviam sido publicados pela Natsume, mas quando a versão de Wii teve uma localização mais rápida, ficou decidido qual publisher cuidaria da versão para o Nintendo 3DS.
Assim como em seus antecessores, em Rune Factory 4, o jogador controla um personagem que perde a memória, e acaba caindo em uma pacata cidade rural. Porém, desta vez, ao invés de ser resgatado por uma linda menina, o jogador acaba caindo em cima de um dragão - Ventuswill, apesar de ser um dos dragões deuses, é extremamente dócil, e logo cria um laço com o personagem principal. Na confusão, o jogador é confundido com um príncipe de uma região distante, que deveria chegar a cidade para tentar revigora-la através de mandatos. Mesmo depois que a confusão é esclarecida, o jogador ainda se mantém na posição de regente da cidade.
O personagem principal, como sempre, acaba perdendo a memória logo no início do jogo.
As obrigações de um príncipe incluem cumprir tarefas vindas dos moradores, selecionadas a partir de uma caixa de mensagens falante. Algumas das tarefas são simplesmente tutoriais de ações básicas, como plantar sua primeira Turnip, ou pescar seu primeiro peixe, enquanto a maioria incluem coletar ítens específicos ou derrotar determinados monstros.
Completar as tarefas garantem ao jogador uma pontuação, que pode ser usada para o desenvolvimento pessoal ou da cidade, das quais incluem abertura de lojas, expansão de containers, malas e facilidades, ou simplesmente a criação de um novo festival local - quanto mais desenvolvida a cidade for, mais turistas aparecerão. Infelizmente, esta foi a única inovação significativa do game se comparado a suas versões anteriores.
O jogador precisa falar com uma caixa de mensagens falante para ganhar novas tarefas dos moradores, como pescar ou colher ítens específicos.
Cuidar da fazenda segue os mesmos princípios dos jogos anteriores, iguais a Harvest Moon, porém, com pequenas facilidades para ajudar o jogador, tal qual como conferir o nível de água do regador, ou agrupar os itens ao retirar ou colocar na mochila. As demais forjas, ambientes de culinária ou de química podem ser colocadas em qualquer lugar da cidade, incluindo sua própria fazenda ou em seu quarto, assim como qualquer outra facilidade que o jogador possa comprar, permitindo aumentar suas skills - estas, por sua vez, estão em grande quantidade no jogo, indo desde "walking" (que aumenta conforme o jogador anda) a "bargin" (que aumenta conforme o jogador vende coisas).
Trabalhar na fazenda ou com qualquer outra facilidade permite ganhar dinheiro e aumentar suas skills.
A interação entre os personagens também não mudou muito. Uma das coisas que se tornou muito prática foi a possibilidade de encontrar as (os) pretendentes através do mapa, podendo entregar presentes de uma forma mais ágil. O jogador pode se tornar amigo de todos os moradores, e isto auxilia no desenvolvimento da cidade.
Uma das poucas novidades no sistema de batalhas foi a possibilidade de fazer party com outros personagens, e não só os monstros de sua fazenda. Desta forma, o jogador pode atribuir uma party em torno de 4 membros, conseguindo subir o nível de cada um, e ainda atravessando obstáculos difíceis das dungeons.
As parties se tornaram algo muito útil não só para atravessar dungeons, mas também para aproximar os personagens.
Apesar de ser um jogo para o Nintendo 3DS, os gráficos de Rune Factory 4 não evoluíram muito. É claro que o jogo é extremamente rápido, e quase não há loadings, mas parece até mesmo que o game foi feito originalmente para o Nintendo DS, e sofreu um leve port para o atual console da Nintendo. Também quase não há usos dos recursos do portátil, e o 3D é pouquíssimo usado - não que isto seja um problema, pois não conhecemos muitos jogadores que utilizam o recurso 3D constantemente.
Mas ainda sim, Rune Factory é um bom jogo, que diz jus ao nome da franquia. Ele é complexo, e jogar no modo Hard é realmente difícil, chegando a viciar em diversos momentos. Há muita coisa a fazer, dungeons a serem exploradas e magias ou armas a serem liberadas. Porém, se você não jogou os títulos antecessores, não recomendaria que começasse por este - talvez sugerisse que jogasse Harvest Moon antes de qualquer coisa. Sem mais, Rune Factory 4 é o típico jogo apreciado apenas pelos fãs da série, com mudanças tão relevantes quanto uma Malibu Stacy com um novo chapéu.
Apesar de ser um novo jogo, Rune Factory 4 possui tantas coisas novas quanto uma Malibu Stacy com um novo chapéu.