Nintendo - 28/11/2013

[Matéria] O 3D é importante?


Há pouco mais de 2 anos, um rumor começou a surgir na mídia de que a Nintendo estaria desenvolvendo um novo portátil, e que este geraria imagens em 3D sem a necessidade de óculos, e que ele seria um trocadilho com o nome do console atual (Nintendo DS) e se chamaria Nintendo 3DS. Logo após a divulgação do rumor, a notícia se confirmou. O 3DS foi apresentado e prometia revolucionar o mundo dos sistemas portáteis.



O 3D é uma tecnologia antiga, que surgiu nos anos 80, mas que era à frente se seu tempo, e recebeu uma utilização fraca na época de sua criação, pois não existiam recursos suficientes para que ela fosse usada a contento, sendo abandonada por muitos anos, voltando com força total por volta de 2007, 2008. Agora o mundo tecnológico havia evoluído e o 3D podia brilhar e fazer seu papel com mais dignidade, e a Nintendo não perdeu tempo em aproveitar isso.

O 3DS - apesar de fisicamente similar ao seu antecessor DS - realmente era diferente e revolucionário, e o 3D era mágico no começo, fazendo com que os olhos brilhassem vendo os níveis de profundidade que ele podia oferecer nos cenários dos games. E claro, fazendo também com que causasse muita náusea e dor de cabeça, afinal é uma tecnologia agressiva e que, se usada em grande quantidade, pode causar efeitos colaterais sérios. Por isso o 3DS é equipado com a maravilhosa chavinha que controla a intensidade e desliga o efeito.

Com o passar do tempo, as empresas (e a própria Nintendo) começaram a dominar o novo recurso, e os jogos começaram a receber um tratamento 3D menos agressivo e mais inteligente. Reparem na diferença entre Pilotwings Resort e Luigi’s Mansion Dark Moon, por exemplo. Pilotwings tem uma profundidade enorme nos cenários, mas como foi um dos primeiros jogos a serem feitos para o sistema e ainda estavam testando a tecnologia, o efeito é extremamente agressivo, causando tontura e até a deformação de alguns cenários. Em Dark Moon, a profundidade é ainda maior, criando camadas no cenário que proporcionam uma imersão sem igual na jogabilidade, mas sem agredir os olhos, deixando tudo mais natural e fluído.



Ainda em Dark Moon, podemos notar que o 3D não é somente um luxo no portátil, ele é mais importante do que muita gente imagina. Muitos jogos que são criados no 3DS (principalmente os feitos pela própria Nintendo) são idealizados pensando no recurso e o resultado final mostra que o jogo é dependente do mesmo, tornando a experiência de certa forma estranha quando o 3D está desligado. Muitos dos cenários e até a jogabilidade de Dark Moon são prejudicados quando o efeito 3D está desligado. Eu sei que muita gente jogou completamente sem o efeito e conseguiu aproveitar a experiência sem problemas, mas é visível que Dark Moon foi um jogo totalmente criado para ser rodado em 3D, fazendo uso da tecnologia ao extremo. Isso é um fato, uma vez que o primeiro Luigi’s Mansion foi criado com suporte ao 3D, e Dark Moon só existe porque agora o 3D é mais acessível, e puderam finalmente criar este universo da forma que foi projetada inicialmente.

Os jogos do portátil que tem a melhor utilização do efeito são da própria Nintendo (Luigi’s Mansion Dark Moon, Super Mario 3D Land, Animal Crossing New Leaf, The Legend of Zelda - A Link Between Worlds), mostrando que, quando a Big N desenvolve uma tecnologia nova em seus consoles, no final das contas é ela que fará a melhor utilização do recurso enquanto as outras desenvolvedoras irão sofrer para criar algo que faça uma utilização perfeita (o mesmo aconteceu com o Wiimote e acontece agora com o GamePad). Sem desmerecer outros esforços que foram muito além do satisfatório, criando ambientes fluídos e bem trabalhados em 3D, como Resident Evil Revelations ou Donkey Kong Country Returns 3D.



Mas o efeito 3D não é algo que agrada a todos. E não desagrada apenas aos jogadores, mas provavelmente aos desenvolvedores também. Muita gente não gosta do recurso e sequer o utiliza, deixando o efeito constantemente desligado em seus portáteis, enquanto outras pessoas deixam-no ligado o tempo todo. 

Além de ser agressivo em alguns momentos e considerado inútil por muitas pessoas, o 3D não é adequado a crianças com menos de 6 anos. A Nintendo obviamente já havia pensado nisso criando a chave de controle do 3D, mas agora ela deu um passo novo nessa direção, com a criação do 2DS, um 3DS sem o 3D.

Vale ressaltar que o 2DS não é uma ação da Nintendo para substituir o 3DS, mas sim para oferecer uma alternativa às crianças e também para quem não se importa com o efeito e não faz utilização do mesmo. Até para pessoas que não conseguem ver em 3D, porque é cientificamente provado que cerca de 10% da população não consegue enxergar o efeito 3D. E também apresenta uma espécie de alternativa para os jogos que fazem uma utilização fraca do recurso e até que não o utilizam.



Aí chegamos em Pokémon X/Y, um jogo criado para o 3DS que não utiliza  - de forma plena e satisfatória - o recurso, tendo o 3D apenas dentro das batalhas. É notório (verificando jogos anteriores) que a GameFreak sempre cria o primeiro jogo da série principal para o console como um “teste”, para se adaptar à tecnologia do portátil e em seguida poder lançar outro jogo com maior qualidade e com mais recursos (reparem a diferença entre Diamond/Pearl e Black/White, ambos criados para o mesmo portátil, mas que apresentam estilos gráficos e técnicos bem distintos). Então pode ser que, em um intuito de entender como funciona o 3D, eles tenham optado por esta alternativa, uma vez que, nos poucos momentos em que é utilizado (nas batalhas), o 3D causa uma queda brusca de quadros em X/Y. E também é um 3D fraco nas batalhas, sem criatividade e quase imperceptível, mostrando que o jogo não foi, em momento algum, projetado para utilizar o recurso.

Mas nos faz perguntar: Por que não? Se é um jogo tão bonito e bem trabalhado e apresenta alguns cenários com tantas camadas de profundidade que seria incrível poder vê-los em 3D. Inclusive, existem alguns poucos cenários no jogo que utilizam o 3D fora de batalha, e eles são de tirar o fôlego. E isso aumenta ainda mais a curiosidade de poder ver todo o mundo do jogo convertido no efeito.


Importante observar: Não estou desmerecendo a experiência de Pokémon X/Y, tenho o jogo e acho ele incrível, estou apenas utilizando-o como exemplo pois foi o jogo que optou pela não utilização do recurso 3D.

Passemos então para The Legend of Zelda - A Link Between Worlds. O jogo roda a 60fps (60 quadros por segundos), o dobro do comum. E isso é perceptível no jogo. Os movimentos são muitos mais orgânicos e fluídos, até a tela de menu tem um movimento mais natural. Isso tudo com o 3D ligado, sem queda na taxa de quadros, sem travar, rodando perfeitamente. É claro que é mais fácil para a própria Nintendo dominar sua tecnologia, como eu disse anteriormente, mas talvez isso também seja só uma desculpa.

O 3D de A Link Between Worlds não é dos mais fortes, mas é dos mais inteligentes, e apresenta a intensidade necessária para que você possa distinguir os diferentes níveis de alguns cenários, principalmente quando você está trabalhando com níveis de altura (plataformas, andares), uma vez que o jogo tem visão aérea.



Depois da “polêmica” do Pokémon X/Y sem os efeitos 3D, acho pertinente criar essa discussão, para entender o que levou a essa decisão e como isso afeta os fãs/jogadores. E principalmente se essa atitude pode criar precedentes para que outras desenvolvedoras resolvam abandonar o recurso e criar mais jogos de 3DS sem o efeito 3D, criar “jogos de 2DS”. É claro que muita gente vai falar “fã que é fã joga de qualquer jeito”, mas existem dois lados nessa história.

De um lado estão as pessoas que não utilizam o 3D do 3DS com frequência, ou que sequer utilizam em algum momento. E os jogos que não utilizam o recurso. X/Y poderia fazer uma utilização boa do 3D com os cenários? Sim, poderia. Mas o jogo ficou bonito do jeito que é e ninguém suportaria a queda da taxa de quadros durante o jogo todo. Então X/Y não foi pensado para 3D e está melhor sem ele. Os outros jogos que utilizam o 3D podem ser jogados sem ele, a experiência é a mesma, o que importa é o jogo, e ele funciona sem o 3D.

Nesse lado da história, o recurso pouco importa.

“Já não uso mesmo o 3D, não vai fazer diferença.”.

Do outro lado estão as pessoas que deixam o 3D ligado todo o tempo (e sentirão falta do efeito, querendo ou não) e os jogos que foram pensados em 3D, com Dark Moon encabeçando a lista. Utilização inteligente, aproveitamento completo do cenário com o recurso. Use-o ou não, Luigi’s Mansion no 3DS foi feito para ser jogado com o recurso. X/Y não foi pensado em 3D, mas poderia ter sido, uma vez que foi desenvolvido para o 3DS. Poderia ter tido um trabalho de desenvolvimento em 3D, como uma opção para quem gosta do recurso e fica esperando para ver como ele será aplicado em todos os jogos novos.

Nesse lado da história, o 3D é um recurso importante e deveria estar presente em todos os jogos.

“Quem não quiser ver em 3D pode desligar o recurso, o efeito deveria estar presente no jogo.”.

Não existem certos ou errados nessa história. Existem dois pontos, dois lados de uma discussão, assim como acontece em qualquer ocasião. De qualquer forma, todos acabam se divertindo, e mesmo que uma decisão ou outra não agrade de forma plena o consumidor final, as próprias empresas acabam aprendendo com isso, podendo aperfeiçoar seu material em uma oportunidade futura. Quem sabe não veremos o próximo Pokémon totalmente em 3D, ou simplesmente totalmente sem o 3D, porque no final das contas o propósito nunca tenha sido esse. Sempre haverão opções, tanto para um lado, quanto para o outro.

E você, o que acha? Utiliza o 3D? Gosta do recurso? Acha ele importante?


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