Quem nunca teve um amigo que tentou retirar o cabo Link na hora certa para clonar uma Master Ball ou um Pokémon especial? Este tipo de método existe desde os primeiros jogos de Pokémon, e sempre houveram jogadores para utiliza-los.
A evolução da tecnologia permitiu que estes métodos também evoluíssem. A quarta e quinta geração se viu diante de um dos maiores problemas até então: o Pokesav, que permite a criação de um Pokémon perfeito com apenas alguns cliques.

Para evitar o Pokesav, a Nintendo criou em Pokémon X e Pokémon Y um pequeno método para verificar se o Pokémon realmente foi gerado dentro do jogo: ao checar os detalhes de um Pokémon específico, basta confirmar se um pequeno pentágono é exibido ao lado de suas marcações. Se o símbolo estiver visível, então significa que o Pokémon é original, obtido da maneira convencional.


Apesar deste método não ser o mais eficaz, ele garante uma solução parcial para o problema do Pokésav e outros programas relacionados. Porém, quantas outras aberturas foram deixadas dentro do novo jogo para serem exploradas pelos demais consumidores?
Quando tratamos de Pokémon, não conseguimos medir o alcance da franquia ao redor do mundo. Sendo assim, bastou apenas algumas semanas para que alguém inventasse um novo macete para facilitar as coisas dentro do game.

O InstaCheck Hotspot surgiu na rede 1 mês depois que Pokémon X e Pokémon Y foram lançados. O programa, feito para Windows, cria uma pequena rede virtual wireless para o jogador se conectar com o 3DS. Após estar conectado, basta que o jogador aperte o botão de "scan" para o programa exibir dados das demais trocas que o jogador realizou com outras pessoas.


O problema é que o programa também exibe o Shiny Value do treinador com quem a troca foi feita. Através de um processo de engenharia reversa, foi descoberto que se um jogador tiver o mesmo Shiny Value que um ovo Pokémon, este ovo possui 100% de chance de trazer um Pokémon Shiny ao rachar.

Antes de Pokémon X / Y, ter um Pokémon Shiny era um luxo para poucos (pura ostentação, como diria o Rei do Camarote), e dificilmente um jogador iniciante o teria, a não ser que tivesse utilizado de métodos arbitrários (cof cof CHEAT cof cof). Porém, esta sexta geração brindou com Shinys para todo lado (sei que não tem nada a ver, mas é como aconteceu em Dragon Ball Z: o Super Sayajin era o ser mais forte do universo, o que durou por 20 episódios, até virar a festa do cabelo dourado), e acabou com a magia ao encontrar um Pokémon brilhante de cor diferente.
É claro que em nível competitivo, é muito melhor ter um Pokémon com IV`s perfeitos do que um Pokémon Shiny, mas agora qualquer treinador amador consegue montar um time extremamente forte e derrotar jogadores que ainda utilizam de métodos convencionais para criar seus Pokémon.


O InstaCheck não permitiu apenas que os jogadores possam obter Pokémon Shiny de forma ridícula, como também mostrou que os dados do jogo podem ser analisados facilmente através da conexão wireless. Foi assim que o Battle Analyzer surgiu, com uma proposta ainda mais perigosa que o InstaCheck.

O Battle Analyzer também é um programa para Windows, e permite que o usuário visualize todos os dados do oponente enquanto estiver em uma batalha online. O programa não só mostra os status completos do time adversário (incluindo IV`s e EV`s), como também mostra o golpe que o adversário escolheu para o próximo round.


Não é necessário falar o quão prejudicial é um programa destes. A estratégia do adversário é completamente revelada, e todos os conceitos de batalhas contra outros jogadores são ignorados. Agora, é difícil falar se os jogadores não o usarão, principalmente porque a sexta geração trouxe batalhas onlines ranqueadas, e muitos jogadores buscam estar no topo do ranking.

Mas então, por que a Nintendo não criptografou os dados do jogo ao envia-los pela rede? Eles simplesmente foram enviados em byte codes abertos, e não bastou um conhecimento muito específico para analisa-los. Qualquer profissional da área da computação consegue analisar padrões e descobrir o que cada instrução significa - bastou apenas coloca-las na tela de uma forma amigável, e com uma interface para o usuário tomar proveito.

É necessário falar que nada disto tem haver com hackering ou qualquer coisa do tipo. As informações estavam lá, e bastou que alguém as utilizasse para proveito próprio. Porém, isto não muda o fato de que estes tipos de programas influenciarão e muito no gameplay de Pokémon, e existe a necessidade de uma ação urgente da parte da Nintendo. Enquanto a empresa não faz nada, existem diversos usuários inventando novos métodos que utilizam a rede wireless para conseguir diversas regalias no jogo. O que poderá vir depois? Um programa que simula uma troca de Pokémon através de uma conexão wireless? Não seria impossível. E isto porque nem estamos considerando que o Pokémon Bank e o PokéTransfer serão lançados em breve - o que será que vai acontecer quando os jogadores passarem seus Pokémon gerados no Pokésav diretamente para os jogos da sexta geração?

A situação é séria, e a Game Freak perdeu vários pontos em relação aos demais bugs e falhas encontradas em Pokémon X e Pokémon Y. Se nenhuma solução for tomada, vou preferir voltar ao GameBoy e realizar trocas apenas com o meu bom e velho Cabo Link.

E você? O que achou do InstaCheck e do Battle Analyzer? Acredita que eles irão prejudicar o meta game de Pokémon X e Pokémon Y? Não deixe de comentar!