Nintendo - 10/12/2013

Por que jogos com estética japonesa demoram tanto para serem localizados no ocidente?


O otaku japonês é privilegiado em diversos sentidos. Ele não só têm acesso a inúmeras obras que nunca teremos em mãos, como principalmente, pode jogar games que nós, reles ocidentais, esperamos muito tempo para serem localizados (e algumas vezes, quase nunca saem do país de origem).
Mas por que estes jogos demoram tanto para serem lançados no ocidente? E o que isto acaba influenciando para o mercado da Nintendo?

Não é exagero falar que os consoles da Nintendo se baseiam em first-party. Poucas desenvolvedoras que não são orientais desenvolvem para os sistemas da Big-N, e os jogos japoneses de third-party dificilmente são lançados fora do país. O Nintendo 3DS, por exemplo, possui uma grande gama de jogos com estética japonesa ou com conceitos orientais que nem mesmo foram cogitados de serem localizados. Você se lembra de Digimon RE:Digitize World? E quanto a Yokai Watch? One Piece: Unlimited World? Todos foram sucesso de vendas, e poderiam muito bem mudar o rumo do portátil nas Américas.

Jogos como Digimon RE:Digitize World não possuem planos de localização.

Grande parte dos títulos da Bandai, Atlus e Level-5 possuem um público muito abrangente dentro e fora do Japão. É claro que lá, o consumo de produtos baseados em anime é muito maior, mas não se trata apenas de uma questão cultural, mas sim de uma série de dificuldades que as publishers possuem ao internacionalizarem seus títulos.

O primeiro problema se baseia na tecnologia utilizada para renderizar os caracteres na tela. Pode parecer estúpido, mas o processo mais prático para otimizar a maneira como os textos são exibidos é transforma-los em imagens antes de adiciona-los ao game. Fazer isto com uma língua oriental é complicado, pois o número de combinações para cada palavra resulta em um valor muito alto, e as desenvolvedoras optam por simplesmente renderizar as letras em tempo real. Só que um sistema multi-línguas, obviamente, é extremamente custoso em todos os sentidos, aumentando não só o espaço em disco, como também a complexidade do desenvolvimento e, principalmente, o tempo para o jogo ficar pronto.

Outro problema, e talvez o maior deles, está na "culturalização" de cada título, o que geralmente assola jogos do gênero RPG. Normalmente, J-RPG`s possuem personagens com traços mais infantis, enquanto os jogos para o público do ocidente possui personagens com traços mais "adultos" (vide Kratos e Lara Croft, por exemplo). Isto faz parte da cultura de cada país, e inflige em diversas mudanças durante o processo de localização para que o jogo consiga se adaptar a seu público alvo.
Por exemplo, é natural que publishers queiram deixar os personagens do jogo mais "maduros" durante a localização, e diversas mudanças são feitas quando tratamos de apelos sexuais e nudez. Além disto, muitas coisas são privadas de serem mostradas, assim como empresas como a 4Kids faziam com animes ao traze-los para os EUA.

Os traços dos jogos japoneses possuem características muito diferentes do qual o público das Américas esta acostumado..

Estes processos acabam atrapalhando a logística de diversas empresas. A Atlus publlicou há algum tempo uma relação de quanto tempo leva pra localizar um título, baseado em cada etapa do processo:

  • Passo 1: Familiarização (1 à 3 semanas) - Jogar o game e entender o contexto do material escrito;
  • Passo 2: Localização (1 à 8 semanas) - Depende da quantidade de texto e se existe a necessidade de dublagem;
  • Passo 3 - Programação (4 à 6 semanas) - Implementação dos desenvolvedores originais;
  • Passo 4 - Quality Assurance (5 à 8 semanas) - Testes e remoção de bugs devido ao processo de localização;
  • Passo 5 - Aprovação da fabricante (3 à 8 semanas) - Testes internos feitos pela fabricante;
  • Passo 6 - Fabricação (3 à 5 semanas) - Impressão, empacotamento e despachamento;

Todos estes detalhes explicam apenas a demora sobre a localização de games vindos do Japão. Mesmo assim, por que existem jogos que nunca chegaram aos consoles da Nintendo no ocidente, sendo que títulos como Xenoblade Chronicles e Fire Emblem: Awakening tiveram vendas tão boas?
O usuário "Dark_Link_Killer" do fórum GameLocks se fez a mesma pergunta, e enviou uma carta para a Nintendo, desejando respostas. Eis o que a Big-N o respondeu em seguida:

Olá,

Obrigado por reservar seu tempo e compartilhar seus comentários sobre jogos japoneses. Neste momento, nós não anunciamos nenhum plano em lançar os jogos que você mencionou aqui nas Americas, porém, estamos felizes em encaminhar seus comentários para que seu feedback seja ouvido. É importante entender que existem muitas razões para que a Nintendo ou qualquer outra publisher decida lançar um jogo em um mercado e não no outro. Isto pode incluir dificuldades ou custo de localização, o tamanho e a força financeira da publisher, o tamanho da rede de distribuição, e (mais frequente) a idéia de que o jogo simplesmente não será aceitado em outro mercado.

Nós entendemos que existem (como você) fãs reais destes games e franquias no mercado que você amaria mais do que tudo ver nas prateleiras da America. De fato, existem muitos de nós que compartilham o interesse por estes títulos. Porém, o número de fãs interessados constituem uma pequena porção do publico de jogos que justificam os custos associados a trazer o jogo para cá. Por outro lado, existiram tempos quando decisões foram tomadas em trazer certos títulos para as Américas depois de ter sido lançado exclusivamente em outro mercado.

O que temos é um bloqueio cultural entre o Japão e as Américas, que existe há muitos anos, e que só será quebrado caso os executivos da Nintendo do Japão assumam cargos na NoA. O pior é que coisas como o bloqueio de região nos aparelhos só atrapalham as vendas dos jogos, uma vez que o número de títulos lançados no ocidente é extremamente menor se comparado aos jogos lançados no oriente, e o próprio Reggie Fils-Aime se diz ciente disto, mas nenhuma solução é tomada.
Enquanto isto, se você quiser que seus jogos preferidos venham para as Américas, comece a elaborar abaixo assinados, publicar nas redes sociais e mandar mensagens para os canais de comunicação da Nintendo. Quem sabe isto não faz a diferença?

E você leitor, acredita que todo o problema não passa de uma questão cultural, ou acredita que existem problemas maiores que envolvem o lançamento destes jogos no ocidente? Não deixe de comentar!

Leia Também

Nintendo - 12/01/2016

Atlus promete vários lançamentos para 2016

Prontos para mais uma boa dose de RPG? Talvez é o que venha pela frente em 2016. Em entrevista à Famitsu, Naoto Hiraoka, presidente da Atlus, discutiu sobre como será o ano da empresa, e entregou boas expectativas qua...

Leia Mais...

Nintendo - 15/06/2015

Stella Glow ganha sua data de lançamento nas Américas

Stella Glow já estava confirmado para ser lançado no ocidente. E recentemente, a Atlus divulgou a data de lançamento do novo exclusivo do Nintendo 3DS. Veja a boxart oficial abaixo: Stella Glow será lançado no fi...

Leia Mais...