Pela primeira vez em alta definição, está aí Super Mario 3D World.
Por Angelo Mota
Parece bom... mas é muito mais do que isso
Há pouco mais de seis anos a Nintendo criou o que seria idolatrado como um dos melhores exemplares da série Super Mario, e até considerado um dos melhores jogos do Wii: Super Mario Galaxy. Galaxy fez tanto sucesso que ganhou uma continuação, feito inédito na trajetória 3D do bigode, e muitos fãs esperavam que ele se tornasse uma série, com Super Mario Galaxy 3, 4 e quantos mais pudessem vir.
Por isso não foi surpresa que, quando a Nintendo anunciou Super Mario 3D World, muitos fãs se sentiram revoltados e até traídos, porque ele parecia não ser tão épico e incrível quanto Super Mario Galaxy.
Parecia...apenas parecia.
Super Mario 3D World é o primeiro jogo da série principal para o Wii U, e veio para mostrar que, assim como seus antecessores, ele estava preparado para fazer bonito e representar o console como um jogo forte, a ser temido por seus concorrentes, a ser eternamente adorado por seus fãs.
Diversão sem limites
3D World foi ousado (diria melhor... foi esperto) ao adotar o estilo World Map (famoso nos jogos 2D), ao invés do Hub World de Mario 64, Sunshine e Galaxy. Porque convenhamos, por mais que Galaxy seja épico, é um pouco chato e cansativo ficar se locomovendo antre os domes para acessar as fases. Super Mario Galaxy 2 veio para mostrar que uma seleção mais intuitiva e ágil era necessária nos jogos 3D, e Super Mario 3D World fez bem em ouvir as dicas de seu antecessor.
O jogo faz uma mistura do que acontece no menu de Galaxy 2 com o que acontece em Super Mario 3D Land, criando um ambiente em 3D para acessar as fases que é prático, intuitivo e ao mesmo tempo divertido, te dando liberdade de locomoção e até interação com outros aspectos do cenário que não sejam as fases.
Outra coisa que Galaxy 2 ensinou e que 3D World fez bem em ouvir é que Mario não precisa de uma história profunda e bem elaborada para ser divertido. No jogo, você é apresentado a uma fadinha que está fugindo de Bowser. Quando ele a encontra, coloca-a em um pote e foge em um cano transparente para o mundo das fadas, nossos heróis vão atrás e têm que resgatá-las uma a uma, em cada mundo. Onde eles estão? Porque ele quer as fadas? Isso realmente não importa.
A história simples faz parte de um estilo nostálgico que o jogo tenta apresentar, e funciona muito melhor do que se apresentassem resposta para cada perguntinha que um jogador eventualmente possa vir a fazer. Diversão sem limites e simplicidade, essa sempre foi a maior característica da série, e 3D World mostra que sabe bem como mesclar as duas coisas.
Beleza sem limites
3D World é um jogo de muitas qualidades, mas a maior delas, sem dúvida, é sua beleza gráfica. O primeiro exemplar da série em HD veio para fazer bonito e dizer: “é assim que se faz um jogo em HD, galera.” Desde o primeiro cenário da primeira fase até o maior ambiente do maior castelo, o jogo é trabalhado nos mais criteriosos detalhes, apresentando texturas incríveis de parede, grama, blocos, madeira, plástico, tecido e principalmente de chuva...
Dentre os incríveis e lindos cenários do jogo, as fases de chuva merecem um destaque maior, pois criam ambientes maravilhosos e muito bem trabalhados, além de apresentar água escorrendo pela tela do GamePad e da TV, imergindo ainda mais o jogador na história.
A textura dos ambientes na chuva é encantadora, de fazer os olhos brilharem, assim como aconteceu na primeira cena jogável de Super Mario Galaxy. Tudo fica mais colorido e bonito nos cenários com chuva (mesmo eles sendo mais escuros). O chão, os personagens jogáveis, os inimigos, tudo fica muito mais vivo e detalhado.
Mas o jogo não é só bonito. Isso não é mérito hoje em dia. Bonito todo jogo em HD deveria ser. O jogo é bem trabalhado em cada mínimo detalhe, em cada textura, em cada movimento. Cores, luzes, sombra, reflexos, tudo tem um nível de detalhe do começo ao fim, mostrando como deve ser um projeto em alta definição. Sem economia de detalhes, sem queda na taxa de quadros, sem texturas mal acabadas. Posso dizer, sem medo de errar, que no sentido gráfico, Super Mario 3D World é perfeito, à prova de falhas.
Eu jogo como (e com quem) eu quiser
Multiplayer não é uma coisa nova na série. Mas é algo inédito nos jogos 3D e principalmente, tendo Peach como personagem jogável, ao invés de 2 Toads como acontecia na série New Super Mario Bros. Trazer a princesa de volta é nostálgico e remete a Super Mario Bros. 2, ao mesmo tempo que é inovador, pois é um multiplayer, e todos (Mario, Luigi, Peach e Toad) agora podem compartilhar a mesma tela. O multiplayer é confuso assim como acontece na série New Super, mas os cenários 3D oferecem mais espaço e mobilidade, diminuindo a quantidade de mortes acidentais caso você pule sem querer na cabeça de seu amigo.
Além disso, agora o jogador que estiver com dificuldades de atravessar uma parte difícil da fase, pode se transformar em uma bolha, com um simples toque de botão, e ele sairá flutuando na direção do outro jogador, que já é mais escolado na série, e passou sem dificuldades pelas plataformas giratórias com espinhos e inimigos que também têm espinhos. Antes os personagens só viravam bolhas quando morriam, agora você vira bolha quando quiser, e quando morrer também.
O jogo pode ser jogado em sua totalidade no modo multiplayer e a aventura single player apresenta alguns botões dentro das fases com o símbolo de um dos heróis que só pode ser pressionado por aquele herói específico fazendo com que, se você estiver jogando sozinho, tenha que experimentar todos os personagens jogáveis, caso queira desfrutar ao máximo da aventura.
Os personagens podem ser trocados no começo de cada fase, tornando a mudança prática e dinâmica, você pode usar um personagem diferente em cada fase alternando-os da forma que bem entender, e mesmo que você não tenha jogado Super Mario Bros. 2 e não conheça as características, vantagens e desvantagens de cada um, eventualmente irá acabar querendo experimentar cada um deles em sua aventura. Jogar com Mario é sempre legal, mas existem outras opções que podem ser tão boas quanto, ou até melhores.
cada fase jogada no modo multiplayer apresentará no final um ranking de pontos dos jogadores. O jogador que terminar com mais pontos receberá uma coroa que será utilizada por ele até que seja destronado por outro jogador, ou se for atingido por um inimigo, que derrubará sua coroa no chão, permitindo que outro jogador possa pegá-la.
O poder de ser SUPER
Diversidade. Essa é a palavra. Mario já se transformou em guaxinim, sapo, hammer bros, boomerang bros, nuvem, abelha, mola, pedra... e por aí vai. Aqui, o poder principal é um sininho que te transforma em Cat Mario. O Power-up, além de ser muito fofo e bem trabalhado em cada movimento, é extremamente poderoso. O embate tem que ser corpo a corpo, você não atira projéteis, mas ele é muito útil para derrotar inimigos com espinhos que não podem ser esmagados, além de alcançar plataformas que nenhum outro poder alcança, com sua habilidade de escalar paredes.
E com o gatinho você pode escalar o Flag Pole no final da fase, conseguindo chegar ao topo sem problemas. Difícil vai ser chegar com ele até o final de algumas fases, mas você sempre pode tentar mais uma vez, e mais uma, e talvez mais uma.
Outro dos poderes principais é a cereja, que cria um herói a mais que imita todos os seus movimentos, quanto mais cerejas, mais heróis você terá na tela. A criação desse poder tem uma história interessante. Ele surgiu depois que um dos programados acidentalmente colocou dois Marios em um mesmo cenário, e eles replicavam os movimentos. Então eles viram que seria uma ideia interessante, e surgiu o poder de duplicar.
Ele é difícil de controlar em alguns momentos, mas é muito útil pois permite um alcance maior de fogo quanvo você está lutando contra os inimigos, e ainda funciona como proteção, pois quando você toma dano as réplicas vão desaparecendo uma a uma, mantendo seu personagem (o verdadeiro) intacto. A cereja duplicará o herói com o poder que ele estiver usando no momento, então replique seu herói utilizando a Fire Flower e você poderá sair atirando feito um louco com diversos Marios (Peachs, Luigis ou Toads).
Além disso, ela é muito útil no modo single player, pois será necessária para acessar plataformas que precisam dos 4 jogadores para funcionar. Então quando você não tiver mais três amigos para jogar com você, basta multiplicar seu próprio personagem e pronto, não existem lugares inalcançáveis no jogo para você.
Mas não para por aí, o jogo ainda traz de volta a Fire Flower (indispensável) e o Boomerang, que te transforma em um Boomerang Bros. Além de outros pequenos poderes, como a máscara de Goomba, a Piranha Plant que você pode segurar para engolir os inimigos (uma sacada genial), além do Propeler Box e do Coin Box. Estes últimos não oferecem perigo aos inimigos, mas te darão a vantagem de tomar dano sem perder o poder que está por baixo do chapéu.
Falando em inimigos, Super Mario 3D World traz de volta alguns inimigos clássicos da série, e apresenta outros novos, muito criativos, como sempre. No quesito chefe o jogo peca pela quantidade, mas sem jamais pecar pela qualidade. São poucos os chefes que você encontra pelo jogo, mas cada um deles apresenta características únicas que você utilizará contra eles para poder derrotá-los. Alguns te darão certa dor de cabeça, e (assim como todo o resto do jogo) todos estão muito lindos e cheios de detalhes.
Devemos sempre prezar pela qualidade antes de quantidade, então podemos dizer que 3D World oferece, de certa forma, um equilíbrio legal de inimigos a serem derrotados. Dois ou três chefes a mais deixariam o jogo um pouco mais desafiador, mas no final das contas, no balanço total da diversão, essa acaba sendo uma reclamação inválida.
It's-a Mii... verse
A interação do jogo com o Miiverse está nos stamps, carimbos colecionáveis que estão escondidos em cada fase do jogo. Alguns são muito fáceis de pegar, outros estão à vista mas te farão pensar: “como raios eu vou chegar ali”, e outros simplesmente você não conseguirá vê-los até que descubra seu esconderijo super secreto.
Após pegar o stamp, você poderá utilizá-lo em suas mensagens no Miiverse, deixando seus posts mais bonitos e divertidos. Todos os jogos oferecem postagens no Miiverse, mas esse tipo de interação, com alguma novidade exclusiva do jogo para postar, é o que faz a diferença e deixa a rede social da Nintendo ainda mais divertida.
Além disso, ao final de cada fase, o jogo mostra no alto da tela todas as postagens de usuários daquela fase específica, e permite que você possa fazer também uma postagem para que seus amigos e toda a comunidade Miiverse possa saber quais são suas impressões sobre aquela determinada fase.
Jogabilidade e beleza em uma ou duas telas
Super Mario 3D World tem 5 modos de controle. Wii Remote, Wii Remote + Nunchuck, Wii U Pro Controles, Classic Controller Pro e Wii U Gamepad. A jogabilidade é fluída e os movimentos são intuitivos, características que Super Mario traz desde o primeiro jogo.
A utilização do GamePad não é das mais versáteis e/ou inteligentes. Depois de The Legend of Zelda – The Wind Waker HD, a própria Nintendo estabeleceu um padrão de utilização inteligente e eficaz do GamePad que provavelmente só ela irá bater, mas não foi em Super Mario 3D World que eles resolveram fazer isso. Toda a ação do jogo é reproduzida no GamePad, assim como o som, cometendo o mesmo erro de New Super Mario Bros. U. Mas pelo menos aqui o GamePad pode ser realmente usado para algo (algo mais do que criar blocos). Você pode mexer algumas plataformas, revelar itens e moedas escondidos, e até soprar no microfone, criando uma onda de vento que carrega alguns inimigos e ativa algumas plataformas controladas por hélices.
De qualquer jeito, é sempre bom poder ver o jogo rodando no GamePad. Ele fica muito bonito na pequena tela do controle. Em alguns casos, ainda mais bonito do que na televisão. Em alguns jogos, no GamePad a imagem fica sempre mais bonita porque a tela menor corrige alguns problemas de textura, mas não é o caso de 3D World, porque ele simplesmente não tem problemas de texturas, portanto ele é bonito de se ver tanto na TV quanto no GamePad.
É claro que 3D World poderia ter uma utilização melhor do GamePad, mas isso não é um fator que diminui em momento algum o brilho de um jogo tão bem pensado e desenvolvido com tamanho cuidado.
Acabou, mas não terminou
Depois de Super Mario 3D Land abrir oito novos mundos quando você termina o jogo, 3D World viu que tinha um desafio nas mãos: apresentar conteúdo adicional para os fãs, quando a aventura terminasse. E não preciso entrar em detalhes aqui para não estragar a surpresa de quem não terminou mas... sim... o jogo apresenta uma quantidade de material depois que você termina a aventura principal que é digna de aplausos.
Além disso, para quem tem um save file de New Super Luigi U, o jogo traz o jogo Mario Bros., o primeiro jogo solo do bigode, mas dessa vez totalmente jogável pelo Luigi. Afinal, 2013 é o ano do Luigi e ele tinha que aparecer em destaque em algum lugar.
Não é necessariamente um jogo absurdamente grande, não acredito que alguém estivesse esperando que fosse, mas é sim um jogo mais do que satisfatório no tamanho, e o fator replay da série Super Mario, que deve ser algo em torno de 1000%, faz com que a aventura nunca tenha fim. Se você joga apenas uma vez cada fase de um jogo Mario, me desculpa mas você está jogando errado.
Super Mario 3D World é um jogo completo. Recheado de elementos antigos da série, que misturados com os novos elementos, criam um ambiente mágico e divertido, digno de poder ser chamado de SUPER MARIO. Um jogo divertido, rico em detalhes, cheio de vida e que, por mais que tenha cerca de 8 horas de gameplay, te fará jogar por muito mais do que isso, porque quando você começar, simplesmente não conseguirá mais parar.