Nintendo - 09/07/2014

Consoles que amamos: Nintendo GameCube


O PRIMEIRO GAMECUBE A GENTE NUNCA ESQUECE
Mais uma episódio de nosso especial Consoles que Amamos. Então já deve ter ficado claro que isso não é uma análise, mas sim uma declaração de amor ao Nintendo GameCube. Dedicada a todos que viveram a geração do console e se identificam, de alguma forma, com a minha história. Dedicada também aos que não viveram aquele momento específico no mundo dos games, mas que souberam, tempos depois, apreciar uma das melhores gerações da história dos games.

Minha história com o compacto console da Nintendo começou em 2003, e o GameCube já estava há dois anos no mercado. Eu tinha acabado de chegar em São Paulo e era meu primeiro emprego aqui, e eu precisava de um videogame novo (quem nunca). Como eu disse, estava começando no emprego, então ainda não tinha cartão de crédito e nem muito dinheiro na conta para dispor nessa nova empreitada. Fui com um amigo em busca de um GameCube, e lembro que paguei R$550,00 no pequeno console. Depois de dois anos, o preço já estava mais acessível. O cara da loja ainda fez um super desconto pra mim, e me conseguiu Resident Evil Remake por mais R$100,00 e assim ele se tornou meu primeiro jogo de GameCube.

O problema era que eu gastei todo o meu dinheiro nessa brincadeira, e fiquei sem dinheiro para o Memory Card. Mas levei o videogame mesmo assim, na semana seguinte, quando eu recebesse o salário do próximo mês, eu o pegaria.

Meu amigo, no mesmo dia, comprou um PS2, e eu que até então só comprava consoles da Nintendo porque é lá que estava (e estão até hoje) as franquias que eu mais gosto de jogar, não conseguia entender como ele podia comprar um console que não tinha Mario e Zelda. Sim, eu confesso, só fui me render ao Playstation quando a Nintendo não supria mais minha necessidade de Resident Evil, então comprei um Playstation 3 para poder jogar Resident Evil 5. Mas tudo bem, eu tinha meus gostos e sabia respeitar os dos outros. O fato é que eu não via a hora de correr pra casa e jogar meu videogame novo.

Não lembro exatamente que tipo de problema de compatibilidade aconteceu entre a TV e o GameCube na primeira vez que joguei, mas ela estava gerando as imagens em preto e branco.

Resumindo: minha primeira experiência com o GameCube foi jogar Resident Evil Remake em preto e branco, até não aguentar mais porque eu não tinha memory card e não poderia salvar aquela jogada, e queria ver o máximo que desse em uma noite de jogatina, depois de andar o dia inteiro atrás do melhor preço no videogame. Poderia ser traumatizante, mas foi incrivelmente divertido, e eu estava oficialmente apaixonado pelo GameCube.


Apaixonado pelo design, pelos gráficos (não sou “graphics whore”, cresci jogando Mario no Nintendinho e sei apreciar um bom jogo por mais quadrado que ele seja, mas gosto de jogos bonitos, e a beleza vai além do “realismo”, principalmente em se tratando da Nintendo), e estava ansioso para saber tudo o que ele poderia me oferecer dentro das franquias da Big-N, e nesse aspecto o pequeno Cube não decepcionou.

The Wind Waker, Twilight Princess, Four Swords Adventures, Super Mario Sunshine, Metroid Prime 1 e 2, Star Fox Adventures, Animal Crossing, Mario Golf Toadstool Tour, Mario Power Tennis, Pikmin 1 e 2, Super Smash Bros. Melee, Luigi’s Mansion, Paper Mario The Thousand Year Door (entre outros) são a prova de que a Nintendo soube bem aproveitar ao máximo suas franquias exclusivas nessa geração.

E se formos contar o apoio de thirds, temos Rayman 3, Prince of Persia Sands of Time / Warrior Within / The Two Thrones, Resident Evil Remake / Zero / 4, Final Fantasy Crystal Chronicles, Tales of Symphonia, Baten Kaitos, Metal Gear Solid The Twin Snakes, Beyond Good & Evil (etc).

O GameCube tinha diversão garantida pra quem gosta do “estilo Nintendo” de ser, e também pra quem buscava algo mais sério, mais realista, mais hardcore. Ele pode não ter sido sucesso de vendas e/ou críticas, mas não é o que estamos analisando aqui. Ele sabia como entreter da melhor maneira.

GAMECUBE, ESSE LINDO
O GameCube é – até hoje – meu console favorito principalmente (entre outros motivos, claro) por trazer três jogos originais de cada uma das minhas duas séries favoritas de todos os tempos.

A primeira, obviamente, é The Legend of Zelda.

E fomos presenteados com o clássico The Wind Waker. Eu sou das poucas pessoas que pode se orgulhar de não ter torcido o nariz para o estilo do jogo, em momento algum. Minha jornada em Zelda começou com Majora’s Mask, e até aquele ponto eu estava acostumado aos gráficos de MM e OoT. Quando vi o estilo de The Wind Waker, minha primeira reação (é muito sério isso) foi achar aquilo muito bonito, e estava ansioso para jogar porque parecia extremamente divertido. O resultado não podia ser outro. Muitas vezes eu parava de movimentar Link apenas para girar a câmera e apreciar os cenários. Gigantescos, coloridos e muito cheios de vida. The Wind Waker foi uma experiência pessoal incrível. Até hoje ele é meu segundo Zelda favorito, ficando atrás apenas de Majora’s Mask.

Sente só essa alegria

No meio do caminho veio o divertidíssimo Four Swords Adventures. O jogo inovou em sua forma de fazer multiplayer. Mas essa inovação saiu caro, porque para jogar (mesmo que fosse de dois) todos precisavam conectar GBAs ao console. Apenas a partida single player era jogada com o controle do GameCube. No final das contas, eu joguei ele todo no modo single, porque meus amigos não tinham GBA. Foi divertido mesmo assim. O jogo é elaborado para o multiplayer, mas é intuitivo e garante diversão no single também.


E por último, mas não menos importante, veio o épico Twilight Princess. Comprei o jogo na pré-venda e foi uma espera angustiante. Quando ele chegou, minha primeira jogativa durou exatamente 15 horas. Sim, eu fiquei 15 horas com o GameCube ligado, intercalando entre jogar, pegar comida, olhar pela janela para garantir que o mundo ainda estava lá, etc. Os gráficos realistas eram lindos, uma pena que eles envelhecem pior do que o cel shading. Mas ainda assim, sempre pego Twilight para jogar mais uma vez, e mais uma. No começo eu era resistente à versão de Wii, porque ele é um jogo de GameCube e foi atrasado em 1 ano para se adaptar ao Wii, e como se isso não fosse suficiente, a versão de Wii foi lançada um mês antes. Isso era inaceitável. No final das contas, joguei as duas versões várias vezes e me divirto com ambas (mas ainda prefiro a do Cube).


Como eu disse antes, não estou fazendo um review, não preciso me ater aos erros técnicos dos jogos, então hoje eles são clássicos, épicos e inesquecíveis, porque é assim que eu os vejo quando jogo.

Minha segunda série favorita é Resident Evil (porque só isso explica comprar um PS3 para jogar RE5).

O GameCube fez bonito com Resident Evil. Primeiro, o lindo, assustador, incrivelmente polido e genialmente refeito, Resident Evil Remake (O nome, mesmo no Cube, é apenas "Resident Evil", o "Remake" a gente utiliza para diferenciá-lo do original). O jogo foi um clássico instantâneo, e por muitos fãs da série é cultuado até hoje como o melhor Resident Evil já feito (incluindo eu). O jogo manteve as características que marcaram o original de PS1, cenários claustrofóbicos, pouca munição, cachorros que pulam das janelas e te matam de susto. Tudo isso regado a lindos gráficos, uma trilha sonora angustiante e jogos de luz capaz de deixar o jogador mais corajoso se borrando de medo.


Seguindo o caminho de sucesso do Remake, tivemos também o competente Resident Evil Zero. Ele não causou o mesmo impacto de seu antecessor, mas trazia uma história inédita, contando as origens dos acontecimentos na mansão. As texturas tentaram ser mais polidas e acabaram ficando com uma aparência muito plastificada nas cutscenes, e o jogo é relativamente curto, mas ainda assim é um excelente capítulo da série. Os ambientes fechados permanecem, a munição continua balanceada e os chefes são aterrorizantes.

Sim, essa foto é do Archives, mas resume bem o clima do jogo

Até que a revolução na série aconteceu, e chegou ao GameCube (exclusivo por 1 ano, né Capcom) o controverso Resident Evil 4. Não vou entrar nos méritos do jogo, estou aqui para falar bem dos jogos que eu gosto, então... Resident Evil 4 é o máximo, genial. Ver aqueles gráficos 3D sendo renderizados em tempo real, aqueles cenários vivos e gigantescos, tudo era lindo e inovador. O inventário era gigantescos, os chefes eram gigantescos, tudo tinha proporções épicas em RE4. Ele é meu segundo jogo favorito da série. Perdi a conta de quantas vezes terminei aquele jogo. Assim como perdi a conta de para quantas plataformas ele saiu depois. Wii, iOS, PS2, PS3, PC, microondas, calculadora, qualquer coisa que tenha uma tela deve ter sua versão de RE4.


Isso considerando apenas os jogos inéditos, porque Zelda ainda teve o Collector's Edition (que tinha uma demo de Wind Waker) e Resident Evil teve ports do 2, 3 e Code: Veronica.

E já que falamos de jogos de terror, não podemos esquecer que o GameCube é o lar de um dos melhores jogos do gênero na história dos games. Eternal Darkness. O jogo, que na verdade foi desenvolvido para o Nintendo 64 e foi um dos primeiros lançamentos do console, possui gráficos precários para o que o pequeno Cube pode fazer, mas não decepciona quando o assunto é assustar. Seus diversos personagens jogáveis e efeitos de sanidade são geniais e eram inovadores para sua época. Ele nunca ganhou uma continuação ou remake, mas jamais caiu no esquecimento, e ainda deixa muito jogo bonitão em HD no chinelo, quando o assunto é dar sustos e contar uma boa história para o jogador.


TALES OF OUSADIA
Ter um GameCube não proporcionou apenas diversão, mas me garantiu muitos momentos de tensão também. Foi com ele que comprei pela primeira vez um jogo em pré-venda. Antes de Twilight Princess, minha primeira experiência com este tipo de compra foi com Tales of Symphonia. Eu não sabia o que era o jogo, nunca tinha jogado nada da série Tales, e não era o maior fã de RPG (meu lance sempre foi plataforma e aventura). Mas era o jogo do momento, o lançamento do ano, e todos estavam falando, então eu entrei na onda. Me juntei a um amigo e fizemos a pré-venda pela internet, em um site que nunca havíamos comprado e sem garantia alguma de qualquer retorno. Mas quem não arrisca, não petisca, certo?

Naquela época os jogos já eram caros, e paguei R$180,00 (+ frete) nessa brincadeira. No final, tudo deu certo. O jogo chegou, e acho que a pré-venda foi uma decisão acertada, porque Symphonia esgotou em todas as lojas, e não estava fácil encontrá-lo após o lançamento.

Foi uma experiência nova que o GameCube me proporcionou. Não, não estou falando de comprar em pré-vendas, mas sim de jogar um RPG de qualidade. Hoje sou fã da série Tales, já joguei quase todos que foram lançados, e é mais uma das séries que me faz comprar consoles (junto com Zelda e Resident Evil), então já é certo que no final do ano eu comprarei um PS Vita para jogar Tales of Hearts R.

E Symphonia continua sendo meu favorito. O sistema de batalhas da série evoluiu bastante, deixando Symphonia ultrapassado e bastante engessado na mecânica, mas a história contada nesse jogo é imbatível. Tenho até hoje meu jogo guardado, e me orgulho de cada uma das 98 horas que demorei para terminá-lo pela primeira vez.


A GENIALIDADE ESTÁ NOS PEQUENOS DETALHES
Vamos ser sinceros. Até hoje ele é consagrado como tendo o controle mais confortável a anatômico de toda a história. Pelo menos, pra mim, aquele controle é imbatível no design, na anatomia e no conforto que ele oferece para quem quer passar horas jogando.



E como explicar a emoção de ter um controle que vibrava nos momentos de maior emoção do jogo sem precisar do rumble pack? Cada pequena inovação que presenciamos em nossa trajetória gamer é importante, e o GameCube tem sua parcela bem definida. Gatilhos L e R com dois níveis de pressão (mal aproveitados, mas inovadores), dois direcionais analógicos, controle sem fio (o wavebird é desengonçado e não vibra, mas é muito prático), o fio absurdamente longo do controle, a conectividade com o GBA, a alça traseira para transportar o console.

Milhões de entradas no console que a maioria a gente nunca nem usou ou nem sabe para o que serve, mas alguma utilidade há de existir para todas elas. Nunca tive um GameBoy Player para o GameCube, mas esse sempre foi meu desejo secreto: ter um. Acabei nunca comprando, o tempo passou, e eu deixei pra lá.

VIDA (MUITO) ÚTIL DO CONSOLE
Ele foi também o único console que eu tive que eu joguei até o final todos os jogos que eu tenho. Quem não tem um jogo que não terminou, que começou a jogar e parou, e ainda falou: “depois eu termino” e logo partiu pra outro jogo (e no final das contas nunca mais terminou aquele joguinho), que atire a primeira pedra. No GameCube isso não aconteceu comigo. Todos os jogos que existem na minha coleção atual foram jogados do começo ao fim, e a maioria deles várias vezes.

Não estamos preocupados com números de vendas ou de potência gráfica, aqui o assunto é quanto aquele console representou em sua trajetória gamer.

Nunca me desfiz do meu GameCube. Quando o Wii foi anunciado, com retrocompatibilidade, guardei o pequenino na caixa e ele ficou lá, esperando seu momento de retornar. Chegou o Wii U, também com retrocompatibilidade para a geração anterior, então pude dar adeus ao meu querido Nintendo Wii, e o GameCube voltou para a prateleira. Ás vezes ainda procuro jogos que não me aventurei porque sei que, por mais que eu tenha me divertido demais com ele, esse pequeno console ainda tem muito a oferecer, e sempre que posso, faço um agrado para ele (e para mim também, claro).

Já estou pronto para jogar Super Smash Bros. for Wii U com o adaptador de controles para GameCube

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