Nintendo - 28/04/2015

Matando seres lovecraftianos em Code Name: S.T.E.A.M.


Codename: S.T.E.A.M. poderia ter sido bem melhor do que foi. É um pouco estranho começar assim, mas foi o gosto que ficou na minha boca enquanto me encarava na tela preta com os créditos rolando e pensava como poderia começar essa análise. Eu gostei do jogo, só que não como achei que gostaria.

O que mais me envolveu nele foi tentar captar todas as referências que estão ali. Digo isso porque a maioria dos personagens não são originais de S.T.E.A.M. e sim de mitos ou de livros escritos por autores estadunidenses. Meu contato com essa literatura se resume em adaptações nos filmes que já assisti. Então o jogo acabou virando um trabalho de pesquisa em wikis e outros sites para tentar saber de onde viam alguns personagens (porque identificar a neta do Zorro é complicado).


Isso não é necessário para entender a trama, mas aí que vem um diferencial desse jogo para Fire Emblem: apesar de sua equipe ser formada por vários personagens, cada um com sua personalidade, aqui eles não se desenvolvem tanto no decorrer da história. Isso acontece porque eles já tiveram suas sagas, antes do jogo todo acontecer. Henry Fleming, líder da equipe, já teve suas histórias da guerra civil contadas, não é necessário engrandecê-lo mais. E saber de mais sobre os detalhes do jogo também ajudam a perceber como é diferente e curiosa a mistura do mundo de H.P. Lovecraft com o Mágico de Oz.

Codename: S.T.E.A.M é uma celebração aos EUA, e para embalar esse presente foi escolhido um gráfico que remete aos gibis americanos dos anos 60. Isso ajudou a disfarçar as limitações do Nintendo 3DS, e dá uma personalidade bem contrastante com as séries Advance Wars e Fire Emblem, que sempre preferiram um visual mais puxado para o anime. A narrativa também não engrossa muito e não tenta abordar algo sério, o que lembra ainda mais os já citados gibis.

Mas se algo não me agradou no jogo foi a própria maneira de jogá-lo. Se alguém jogou “Valkyria Chronicles”, da Sega, a base é a mesma: é um jogo de estratégia em terceira pessoa. Só que aqui é necessário escolher somente quatro soldados. Cada um com suas habilidades exclusivas. Com o time montado, somos transportados para uma grade de combate. Ela é dividida em dezenas de quadrados, como de costume. Para poder andar ou usar uma arma é necessário utilizar vapor. A quantidade total de vapor disponível para uso é mostrada na parte inferior da tela. A partir daí, temos um turno para poder mexer todos os soldados de maneira independente. Aí é vez da IA e vai assim até que concluamos o objetivo ou perdermos todos os soldados.


O problema disso tudo: como é utilizada uma mesma barra para qualquer ação, o turno acaba sendo consumido bem rápido. Se somarmos isso com o quantidade de tempo que leva o turno dos adversários (mesmo com a atualização que deixa o turno em fast-forward) ficamos muito mais tempo assistindo do que jogando.  O tamanho do mapa também é diminuto visto a quantidade de movimento que o jogo permite. Além disso, a estratégia necessária para terminar Codename: S.T.E.A.M. não varia muito do clássico “deixa todo mundo junto e atira” que é beneficiada pela mecânica de não gastar vapor para poder realizar um contra-ataque nas investidas alheias. A sensação de uma missão para outra também não varia muito e normalmente tem o mesmo objetivo de sair de ponto A até o ponto B. Tudo isso acaba deixando o jogo bem monótono.

Essa sensação só não ocorre nas lutas contra os chefes do jogo, sendo que elas foram minhas melhores experiências enquanto me aventurava por Codename: S.T.E.A.M. Essas lutas servem como um check-in para ver se já foi dominado o uso dos personagens que foram liberados até o momento, e vencê-las traz uma boa satisfação.

Eu mesmo tinha muitas esperanças com Codename: S.T.E.A.M. e repetindo o que disse no início da análise: “Eu gostei, só que não como eu gostaria de ter gostado”. Ele é diferente e me trouxe uma curiosidade maior pela literatura estadunidense. Só que ele não foi uma das experiências mais interessantes que já tive com o 3DS.

Revisão: Caio Gomes

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