Splatoon chamou a atenção de muitos quando o game foi anunciado, sem sombra de dúvidas. O game se destacou, num primeiro momento, por diversas razões: pela sua jogabilidade, pelo seu estilo (Como assim? A Nintendo fazendo um shooter?!), pelo seu visual diferenciado, entre outros fatores. Mas a maior dúvida que, com certeza, pairou na mente dos fãs da Nintendo foi: "Será que a Big N vai conseguir criar um jogo com o multiplayer online eficiente?" ou "Será que a Nintendo vai conseguir fazer um jogo shooter legal?". Estas e outras questões foram surgindo, e muito se especulou sobre o potencial da nova propriedade intelectual que a Nintendo trouxe em 2015 para o Wii U. Algumas dúvidas foram brevemente sanadas depois que veio o Global Test Fire. Quem já estava empolgado com o novo jogo, depois da demo ficou ainda mais. E se alguém tinha algum receio, com certeza teve a sua opinião modificada.

Splatoon está longe de ser um game revolucionário. Entretanto, este novo game da Big N traz com ele, bons ares para um estilo que carece, principalmente, de inovação.

Se tem algo raro nos jogos (fisrt-party) da Nintendo, sem dúvidas isso se chama: customizar o personagem. E com Splatoon esta ausência não existe! A possibilidade em modificar o seu personagem está repleta de escolhas. Conforme o avanço do jogo, o jogador pode comprar outros itens e customizar o seu "avatar" de acordo com a sua estratégia e como preferir. Chapéus, calçados, camisetas, cada item adquirido lhe traz uma determinada vantagem. E criar a sua próprio combinação é um charme à parte do jogo. E não é apenas a vestimenta que trás modificações, as armas também possuem essa possibilidade! Cada arma pode chegar até 3 categorias, o que proporciona mais criatividade tática. Saber escolher bem o tipo de arma (e suas subcategorias) é a chave para obter mais vitórias.

Se você gosta de criar o seu próprio personagem, Splatoon lhe conquistará rapidamente!

Ao contrário dos muitos jogos do gênero shooter que estão atualmente no mercado, Splatoon traz um modo solo muito divertido. O modo não brilha por sua história (até porque história mesmo, o game não tem praticamente nenhuma), mas o modo conquista o jogador pela inteligência. Ao mesclar estratégia com plataforma, o modo agrada por trazer meios divertidos em aprimorar a sua estratégia no jogo (e principalmente, para as partidas online). Os chefões são o ponto alto do modo. Cada novo adversário é digno de qualquer jogo do Mario, por exemplo. Como cada estágio lhe dá diversas dicas para aprimorar mais ainda as suas habilidades, os confrontos entre os chefes lhe dão a chance de por o aprendizado em prática.

Para explorar completamente a cidade do game, Inkopolis, o jogador deve resgatar os zip fishes, que foram sequestrados pelos Octarians, os inimigos dos inklings. E para derrotá-los, um série de desafios devem ser completados. E cada desafio derrotado libera uma parte da cidade a mais para ser explorada. Os desafios são bem lineares, e o elemento plataforma do jogo está inserido nesta parte da jogabilidade do game.

Os inimigos também possuem um brilhantismo à parte. Os personagens são bem vívidos e a inteligência artificial do game é rica em detalhes. O que torna a importância com os detalhes ainda mais relevante dentro do game. 

Apesar de possuir um modo solo interessante, sem dúvida o ponto forte do game está no multiplayer online. O modo Turf War traz batalhas com duração de três minutos e vence qual time tiver pintado a maior superfície do estágio quando o tempo acaba. E como são divertidas cada batalha!
O modo online oferece mais opções de armas para utilizar em combate, o que melhora e apimenta ainda mais as estratégias de cada jogador. Jogar no modo Turf War ajuda na evolução do personagens, tanto na questão do rank como nas moedas do jogo, que lhe proporcionam a compra de diferentes itens do jogo.

Depois de atingir o nível 10 do rank, o jogador pode enfrentar outro modo: as Splat Zones. Dois times lutam entre si para conquistar uma pequena área dentro dos mapas do game. Ganha quem conseguir ficar 100 segundos (e uns acréscimos) sob o domínio daquela área. Ao contrário do que acontece no modo Turf War, em que todos evoluem seu respectivo personagem, nas Splat Zones apenas o time vencedor ganha as barganhas. Ambos os modos possuem suas vantagens e diferenças, e cabe ao jogador escolher o seu modo preferido e lidar com as estratégias de cada modo.

Mesmo com tantas qualidades, o game possui alguns defeitos. Como já foi falado, o jogo é extremamente divertido. Mas infelizmente possui pouco conteúdo. O modo história pode ser completado entre 4 a 6 horas, o que é muito pouco. E até mesmo as partidas online oferecem apenas seis mapas! Sendo que desses seis, você só pode jogar dois por dia e que se modificam a cada quatro horas. Ou seja, o jogador corre o risco de jogar os mesmos mapas o dia inteiro. Como as batalhas acontecem de forma randômica (você não pode escolher qual mapa quer jogar), o jogador pode acabar enjoando muito rápido de cada partida. Essa falta de conteúdo no jogo, é um problema sério a longo prazo, por que o conteúdo que o game oferece até o presente momento, não prenderá os jogadores por muito tempo. Algo muito preocupante.

A Nintendo prometeu trazer conteúdo extra para o jogo como mapas, armas, desafios e muito mais. E apesar da Big N já ter afirmado que os próximos conteúdos adicionais serão de gratuitos, fica a dúvida em saber quais serão as datas de lançamento destes DLCs.

Que a Nintendo tem lucrado muito com os amiibos, isso já não é mais novidade para ninguém. Splatoon tem três miniaturas exclusivas para o jogo e cada uma delas desbloqueia uma série de conteúdos, que ao serem completados, proporcionam diversos itens e upgrades para o seu personagem. Muito legal, não é verdade?

Mas isso deixa de ser legal quando esse novo conteúdo que é desbloqueado, se mostra muito mais interessante do que os próprios desafios que já existiam dentro do jogo! Ou seja, você ter que comprar um "brinquedo" no mundo real, para ter que desfrutar de um conteúdo mais legal e interessante do que aquele que já está no game, com certeza desanima o consumidor que já paga um alto preço pelo jogo.

Durante as partidas para compor esta análise, o desempenho online ocorreu da melhor maneira possível. Pouquíssimas partidas do modo Turf War tiveram os famigerados "lags". E as que tiveram algum problema, nenhum deles chegou a prejudicar a partida de fato. A Nintendo já prometeu melhorar o desempenho online, o que deixará as partidas ainda mais estáveis.

O game não possui recurso por voz, como você já deve bem saber. Eu não me importo com isso, e consigo me divertir muito bem sem o recurso. Mas para aqueles jogadores que gostam de jogar competitivamente e por times, com certeza sentirão falta do famigerado "Voice Chat". A Nintendo ainda tem muito o que aprender com as suas concorrentes, isto é um fato. Mas a falta do recurso de forma alguma prejudica a experiência final. 

Splatoon se destaca por diversos motivos: pela sua jogabilidade simples e ao mesmo tempo cativante e inteligente, por trazer uma mitologia criativa e atraente e também por oferecer uma ótima experiência online. Porém, o jogo brilha ainda mais, por trazer um game divertido e com mecânicas tão bem empregadas.

Até o presente momento, não vejo Splatoon como uma franquia que precise ter uma continuação todo ano, ou que tenha um jogo representante em cada geração de consoles. Vejo Splatoon hoje, como um jogo original em que a Nintendo conseguiu provar para o seu consumidor, que um game para ser divertido não precisa possuir violência.

Splatoon inova dentro do shooters modernos e merece o seu reconhecimento pelo que ele é: um ótimo game com ideias criativas e que com todo o seu charme, nos traz novas experiências e alcança um novo patamar de qualidade dentro do mundo dos games.