Nintendo - 01/09/2015

Conversamos com Gustavo Braz, o primeiro Brasileiro no mundial de Pokémon


O mundial de Pokémon acabou há uma semana e para variar, um japonês venceu. Sem contar aquela tentativa de atentado ao mundial. Mas nós, brasileiros, tivemos pela primeira vez, um representante de nossas terras no mundial de VGC: Gustavo Braz. A N-Party conversou um pouco com o treinador para saber mais dessa experiência. Acompanhe:

N-Party: Para começar Braz, queríamos dizer que é muito bom falar com você após esse mundial. Em primeiro lugar, como foi a experiência? O que mudará em seu jeito de jogar Pokémon a partir de agora?

Braz: A experiência foi muito legal para minha vida de treinador Pokémon e melhor ainda por eu ter sido o primeiro brasileiro no VG Masters. Esse ano foi muito especial: viajar por várias cidades do Brasil e ganhando 6 torneios Premiers. Depois, viajar para regional VG da Argentina sendo o vice-campeão, e me tornar o primeiro campeão brasileiro Master Oficial da Nintendo no VGC 2015. Assim, fiquei em 9.º lugar na América Latina conquistando a tão sonhada vaga.
Tive minhas primeiras experiências internacionais como treinador, mas mantive o mesmo estilo ofensivo que mantenho nas LOPs. Porém, depois desse mundial, vejo que terei que mudar vários estilos de batalha.

N-Party: E como eram os competidores em nível mundial? Qual o tamanho de sua dedicação ao jogo? O que os difere dos treinadores que você está acostumado?

Braz: O nível deles é muito mais difícil do que eu imaginava. Todos já tinham experiências com mundial, exceto os latinos que eram novatos. Esse foi o primeiro ano que nós, latinos, tivemos tais chances. Além disso, eu não tinha nenhuma experiência com VGC. Os treinadores brasileiros estão muito atrás dos americanos, europeus e japoneses. Até nossos países vizinhos tem organizações e treinamento melhor como o Chile, a Colômbia, o Peru e a Argentina.


N-Party: Qual foi o melhor momento que teve no evento? 

Braz: Foram dois: o primeiro foi no dia da inscrição, onde os organizadores me parabenizaram por ser o primeiro jogador brasileiro de VG master. O outro, foi a entrevista dos Mafiosos. Que teve um vídeo em que outros brasileiros do TCG vieram falar comigo.

N-Party: Como você foi recepcionado pelos organizadores? Qual foi a reação geral de um brasileiro pela primeira vez na modalidade VGC?

Braz: Quando me inscrevi, todos me aplaudiram. Recebi as premiações por ter sido classificado e o primeiro no ranking BR. Foi uma emoção grande porque, em seguida, eu falaria com os jogadores famosos dos EUA como o Wolf e o Cybertron. Para eles, foi uma novidade me verem de verde e amarelo! Mas os latinos fizeram uma festa, por já me conhecerem desde o regional na Argentina.


N-Party: Qual a sua dica para quem está começando VGC hoje e que quer alcançar o nível de um mundial?

Braz: Primeiro: comecem a jogar nos campeonatos das LOPs. Praticar no Showdown e procurar um mestre para aprender. Geralmente, leva um ano inteiro para entender o básico do VGC. E por fim, ficar ligado no site oficial da franquia. E ficar antenado no grupo do Facebook da VGC Brasil também é importante.

VGC Brasil é aonde os treinadores VGC brasileiros são acolhidos

N-Party: Como você classificaria o evento no geral? Qual são os pontos fortes e fracos?

Braz: Muito bem organizado, decoração linda e padrão de primeiro mundo. Segurança muito boa e uma premiação legal para os competidores. O problema, na minha opinião, é que não havia muitos tradutores para o nosso idioma, e eu me enrolei muito com a língua estrangeira. 

N-Party: Você acha que as lições que você aprendeu no mundial serão convertidas em melhorias na LOP?

Braz: Vi que no padrão de organização estamos muito atrás deles e dos outros latinos. Os jogadores brasileiros não estão preparados para jogar em um nível mundial. Apenas cinco treinadores estão aptos para isso. Tanto no quesito financeiro quanto na habilidade de jogo. Para isso, a LOP-BR deve se juntar ao VGC Brasil para negociar com professores e juízes de VG e fixar a double VGC como regra principal.

N-Party: Vimos que no último ano, a LOP aumentou significativamente o número de torneios no formato VGC. Existe alguma possibilidade de, num futuro próximo (ou distante), a LOP aderir 100% do formato, tornando-o padrão e substituindo aquele usado da Smogon?

Braz: Acredito que deve ser substituído, sim. Porque nossos países vizinhos já adotaram o VGC como padrão principal. O problema são aqueles da velha guarda que protegem a regra criada por um fórum em vez da VGC oficial da Nintendo. Infelizmente, existe uma rivalidade ruim entre a Smogon e a VGC, o que atrasa os torneios da LOP. Isso tem que ser mudado com urgência! Só então os premiers terão mais competidores aqui [do Brasil].

A briga entre Smogon e VGC players já vem de muito tempo

N-Party: Se você tivesse a oportunidade de dar uma sugestão para a Nintendo melhorar a modalidade VGC no geral, qual seria? E por qual motivo?

Braz: Sugeriria que ela criasse um torneio de seleções presenciais em cada país participante, como a Copa Davis de Tênis. Acharia mais interessante dessa forma, por unir mais as nações e tornaria a modalidade mais interessante. Como nas interclãs da PokéEVO.

N-Party: Imagino que tenha realizado um sonho, mas e agora? Quais são seus planos como treinador competitivo?

Braz: Admito que realizei um sonho ao estar no mundial. Mas ainda tenho a ambição de voltar novamente lá, agora para ser o campeão. Tenho outros objetivos como ganhar um Regional VG e me tornar um dos melhores treinadores da América Latina em VGC.


N-Party: Pretende voltar ao mundial para lutar pelo troféu?

Braz: Sim, pretendo voltar em 2017. Em 2016 vou focar no meu TCC, porque estou no último ano da faculdade que eu curso. 

N-Party: Para encerrar: seu recente feito possivelmente abriu as portas desse mundial para muitos outros brasileiros que amam Pokémon e o jogam competitivamente. Qual a sua maior dica para todos que almejam esse sonho?

Braz: Primeiro: ter dinheiro. Na base de cinco a sete mil reais para viagens internacionais e nacionais. Além disso, treinar no Showdown e frequentar a LOP-SP ou as LOPs na região mais próxima dos jogadores. Ter tempo disponível e prática diária no metagame, VGC doubles. E, principalmente, ter fé, sorte e confiança nas suas jogadas para o acerto de golpes.

Talvez a melhor coisa em Pokémon seja as lembranças que ele proporciona. As coisas boas e ruins. Quem sabe Braz não inspirou vários treinadores do Brasil para que um dia cheguem aonde ele chegou? E quem sabe, o VGC se torne tão popular quanto o Smogon no Brasil? Seria uma nova era em Pokémon competitivo por aqui? Uma coisa é certa: Braz dará as caras novamente por lá!


Revisão: Caio Gomes

Leia Também

Nintendo - 29/05/2020

Subarashow #40: Animal Crossing: New Horizons

O pessoal do Estação 64 discutiu o fenômeno que Animal Crossing: New Horizons criou dentro de um novo cenário mundial, analisaram as mecânicas do jogo e comentaram suas experiências (frustradas) como arquitetos de uma...

Leia Mais...

Nintendo - 29/05/2020

Nintendo a 3 #211: Futuro de Xenoblade e jogos baseados no Brasil

O pessoal do Estação 64 discutiu sobre a entrevista de um dos diretores de Xenoblade Chronicles Definitive Edition, a respeito dos proximos jogos da Monolith, e sobre os jogos baseados em cenários brasileiros. Acesse...

Leia Mais...