Nintendo - 23/09/2015

Conversamos com Helder Henrique, o organizador da Liga Pokémon de Arapongas


Alguns dias atrás, nós recebemos uma mensagem de Helder Henrique. Após a repercussão de nossa entrevista com o Braz, Helder nos contou um pouco de sua historia e pensamos que seria legal se vocês, leitores da N-Party, quisessem conhecer sua história e a Liga Pokémon de Arapongas.

Helder é o organizador da Liga Pokémon de Arapongas, uma liga que vem crescendo cada vez mais e que vem propagando a modalidade VGC oficial de Pokémon.

''Eu sou professor da Liga Pokémon de Arapongas-PR. Quando não havia esperança nenhuma em criar uma liga Pokémon em uma cidade "insignificante" como a nossa (pois tudo de legal só existia em Londrina e Maringá), muitos tentaram me desanimar. Mas eu ignorei as vozes de derrota e criei uma liga assim mesmo. Hoje recebemos até jogadores dessas cidades mais importantes que eu citei para se divertir em minha liga, porque acham mais bacana e animada. Fora que estou constantemente buscando novos patrocínios para nossa liga e novos tipos de torneios. Tive sorte de encontrar bons apoiadores ao longo do caminho. Em especial a Bat Banca de Londrina, Aline Presentes de Arapongas, Gift Store e a Secretaria de Esportes que até nos dá troféus maneiros para alguns torneios (...) '' - contou Helder.


''Minha grande façanha, da qual mais  me orgulho foi de mandar vários e-mails para TPCi (The Pokemon Company International) para saber quando o Brasil teria uma chance de ter torneios de VG igual aos EUA e Europa. E quando finalmente foi liberado, não perdi a chance de me inscrever. Porém, fiquei meio triste, pois parecia que só eu no país inteiro tinha vontade de que os torneios de VG viessem no Brasil. Quando eu me inscrevi, já haviam 5 organizadores na Argentina e uns 6 na Colômbia e México. Mesmo assim, eu fiz a minha parte e depois de realizar uns 2 Premier Challenge (o nome dos torneios oficiais de VG que qualquer professor pode fazer) resolvi compartilhar a novidade em outros fóruns e comunidades Pokémon. Não preciso dizer que ninguém acreditou em mim, acham que eu estava falando nada com nada e até me ridicularizaram dizendo que "se organizadores famosos não conseguiram, porque um cara aleatório do interior iria conseguir?".  Mesmo assim, continuei buscando mais adeptos até que postei no grupo de jogadores de TCG  a novidade. E lá sim, me deram ouvidos. Graças aos meus esforços e de outros professores que vieram depois, conseguimos classificar dois jogadores. o Gustavo Braz e outro jogador da série Junior que esqueci o nome agora. Hoje, faço parte do grupo Pokémon VGC Oficial do Facebook, junto com outros organizadores veteranos, como o Soly, Edgar. Fazemos vários torneios on-lines e sancionados de VGC. '' 

Os jogadores de TCG são um público ativo na liga Pokémon de Arapongas

N-Party: Desde quando você começou com torneios? Quantos anos fazem?
Eu comecei a minha liga em 25 de fevereiro de 2012 e desde esse dia, comecei a fazer torneios de TCG. De maneira não sancionada e conforme o tempo foi passando e a liga aumentando, eu fui fazendo torneios sancionados. Em 2014, eu conseguir fazer o meu primeiro torneio de VG, sancionado. 

N-party: Qual foi seu maior feito em algum desses torneios?
Foi realizar o primeiro Premier Challenge do Brasil. Para quem não sabe, esse tipo de torneio possui pontuação para o Mundial de Pokémon, e eu fui o primeiro organizador a pedir autorização ao Brasil. Tanto é, que de tanto eu enviar e-mails para a TPCI, eles colocaram o Brasil como um dos países exemplo de que estava liberado para fazer os torneios (creio que a copa deve ter chamado uma atenção extra para nosso país, mas mesmo assim, sei que fiz minha parte)

N-Party: E qual a melhor lembrança?
Quando eu fui fazer um torneio de TCG em Maringá no sábado. Saí dele e fui direto pra Rodoviária sem nem passar em casa para tomar um banho nem nada, e peguei um ônibus para Curitiba, que fica do outro lado do estado praticamente, para fazer um torneio de VGC. Foi uma aventura/loucura, mas é algo que um organizador tem que fazer quando aparecem os convites. Não são sempre que eles aparecem.

N-Party: O que você acha da disputa entre os jogadores da Smogon e de VGC? Ela existe?
Existe. Acho desnecessária, só gera treta e briga. É a mesma coisa de pessoas ficarem comparando a Copa do Mundo da Fifa com a Copa do Brasil. São métodos diferentes e organizações diferentes, dentro do mesmo esporte. Porém, é o seguinte: usar o método oficial de torneios só traz vantagens para a comunidade Pokémon de VG como um todo, pois faz com que a empresa criadora do jogo tenha dados concretos de jogadores competitivos e saiba como e quanto deve investir no nosso país. Fora que, o organizador pode ganhar vários brindes por ser professor, ficar por dentro das novidades primeiro que outros e muito mais. 

N-Party: Você acredita que mesmo sem a Nintendo no Brasil, Pokémon ainda tenha destaque comercial por aqui por mais alguns anos?
Sim. Afinal, a Nintendo apenas vende os jogos. Quem gerencia a franquia Pokémon e promove torneios, eventos e demais coisas é a The Pokémon Company International. E ela tem total interesse de continuar investindo no Brasil. Porém, depende de voluntários como nós para fornecer dados e dar o feedback necessário para que ela se adeque ao mercado. Mas a falta de representante da Nintendo torna o produto mais caro, e com poucas chances de tê-lo traduzido, o que é muito ruim. Eu diria que a balança está equilibrada em coisas boas e coisas ruins. 

N-Party: Acredita que o Pokémon competitivo pode se tornar um eSport (partindo do princípio de que ainda não seja)?
Eu comecei uma discussão no fórum dos professores Pokémon e vou te falar... Esse assunto é polêmico. Prefiro não comentar, pois não chegamos a uma resolução. Por falar nisso, se outros professores estiverem lendo isso, por favor vão lá no fórum e comentem sua opinião no assunto. Pois, uns acreditam que o Pokémon JÁ É um eSport. Outros dizem que NUNCA VAI ser por X razões (que não posso falar aqui). Como eu disse, é um assunto polêmico. Neste quesito, minha opinião é incerta. Para mim já é um eSport. Na minha cidade, o secretário de esporte já concorda com Pokémon como esporte (tanto TCG quanto VG), que sempre faz troféus e medalhas para alguns dos meus torneios. Porém, eSport que o jogador é pago para jogar é difícil. Sabemos que o vencedor do mundial ganha uma grana, mas patrocínio para times de jogadores, federações etc., creio ser meio difícil.



N-Party: Quando você começou a jogar Pokémon? 
Desde criança eu via fotos do Game Boy nas revistas e morria de vontade de jogar. Mas morando em cidade pequena, e tendo pais pobres, era difícil poder comprar um. Eu tinha uma amigo que tinha Nintendo 64 com o Pokémon Stadium e eu passava horas jogando com ele.  Quando ganhei um PC e descobri a internet, já adolescente, baixei emuladores e comecei a jogar as roms. Mas, eu sabia que era errado fazer isso (fora que tinha umas roms que eram mal ripadas e que só dava raiva). Quando eu tivesse grana o suficiente, pensava, eu compraria os jogos originais só para fazer o correto. Comprei meu primeiro Nintendo DS e um cartucho original trabalhando como lavador de carros aos meus 16 ou 17 anos. E já zerei todos os jogos de GBA, DS e 3DS de Pokémon (os principais) e o Battle Revolution do Wii (jogão esse aí). Pretendo comprar os outros jogos de GameCube e um dia, finalmente comprar o Game Boy de minha infância e jogar o bendito Pokémon Red. 

N-Party: Você acha o metagame VGC equilibrado?
Eu acho que assim como TCG, que a cada expansão surgem novas cartas e jogadas cada vez mais fortes, no VGC também isso acontece.
Não existe uma definição única, a vitória pode vir de vários jeitos. Basta procurar sempre uma estratégia nova. Que pegue o oponente de surpresa. Quem diria que um Pachirisu poderia ser útil em um mundial? E que um Gastrodon seria jogável com um habilidade secreta boa? Até um Ratata, nível 1, pode ter uma estratégia boa se usada na hora certa. Basta saber usar, procurar e inventar. 

O grupo VGC Brasil no Facebook acolhe os jogadores da modalidade por todo o Brasil

N-Party: E o que te atrai mais no VGC do que em outras modalidades, como a Smogon?
O fato de ser livre. Livre para jogar com o Pokémon que você quiser (menos lendários e míticos). Liberdade é a melhor coisa. 
Sei que a Smogon tenta classificar certos Pokémon em divisões que acham que ele se daria melhor, mas isso é um engano. Veja bem o exemplo do Pachirisu. Não sei qual classificação a Smogon dá para ele, mas o Pokémon provou seu valor no meio dos mais usados e poderosos. E quantos outros não fizeram ou podem fazer o mesmo? Colocar etiquetas em um Pokémon pode ser inútil, ou um engano.

N-Party: O que é necessário saber, e o quê fazer, para se tornar um professor Pokémon oficial?
É necessário ler as regras oficiais que estão no site da Pokémon International (www.pokemon.com). Ele se localiza na seção de jogador, regras e recursos. É necessário também ler os valores de professor. São valores como responsabilidade, profissionalismo, esportividade, integridade etc. Depois de estudar todas as regras com cautela, é necessário fazer uma prova. Fazendo isso, é só esperar para ser aprovado. Ou se for reprovado, estudar mais e tentar de novo. Depois disso, é só sancionar torneios, aprender a utilizar o TOM. E se manter sempre informado através dos fóruns dos professores. E o principal: nunca desistir. Sempre vai ter os pessimistas querendo dizer que: "sua cidade é pequena demais para essas coisas" ou "isso é só perda de tempo" ou então: "vai ser muito trabalhoso" e "o que você vai ganhar com isso?". Mas não se deixe abater por pessoas assim, pois nada acontece se você não tomar uma ação.




N-Party: Fale um pouco mais da liga que você criou, para que os leitores possam saber mais dela.
Então pessoal, quem morar aqui em Arapongas ou na região Norte do Paraná, venham participar da nossa liga Pokémon. 
Ela acontece aos sábados, das 14 às 19 horas, no mercado municipal de Arapongas. Você pode jogar tanto o TCG quanto o VG e ganhar vários brindes oficiais de Pokémon e de graça. Basta vir , jogar e ganhar.  Acompanhe nosso blog e a página do Facebook para ficar por dentro das novidades. 

N-Party: E qual será o próximo evento que vocês realizarão?
No dia 26 de setembro realizarei um Premier Challenge (série Sceptile) em Londrina, na V12 do Shopping Boulevard. Esse tipo de torneio lhe dará pontos para o mundial! No dia 3 de outubro, faremos um League Challenge (de TCG, em local ainda a definir), também valendo pontos para o mundial, bem como um baralho do Gengar EX. No  dia 31 de outrubro, haverá outro Premier Challenge da série Sceptile, em Arapongas, no Mercadão. E estamos tentando fechar uma parceria com  a secretaria de esportes municipal, para realizar o regional de VG (se assim for aprovado pela TPCI), que nos ajudará com hospedagem para jogadores em colégios (estilo jogos escolares) e com troféus e com medalhas. 



N-Party: Para finalizar, Helder: para você, quais são os pontos fracos e fortes de Pokémon VGC?
Ponto fraco: há muita burocracia e demora para se tornar Professor. Afinal, sem professor, não há torneio de VGC. Sem torneio, não há cenário local competitivo e sem dados para TPCI, não há investimento. Fora que, todo o material oficial se encontra em inglês, espanhol (e até em alemão), menos português. Isso dificulta para o caso dos iniciantes e pessoas sem paciência e perseverança. Fora que a divulgação é pouca.
O site oficial da Pokémon International está ali para todos os fãs verem. Porém, é difícil quem realmente o acessa e lê todo o seu conteúdo para ficar por dentro das coisas.
Sábado passado eu fiquei surpreso par encontrar um jogador novato, que já tinha o cadastro correto no site. Algo raro.
Há muita desinformação e mito entre os jogadores. Nem os sites de fãs especializados em Pokémon divulgam as coisas relacionadas à Liga Pokémon Oficial. Das regras do VGC em si, não vejo fraquezas. Só liberdade de criar sua própria estratégia sem restrições ou etiquetas. Pode ser que, o fato de não poder usar míticos aborreça alguns jogadores e seja algo desnecessário, porque cria restrições para alguns Pokémon. Outro fato ruim é não incluir as versões X/Y, mas só OR/AS. As versões X/Y não ficaram nem um ano direito no competitivo e já mudaram, enquanto OR/AS ficará pelo menos dois (ou mais) .

Pontos fortes: como eu disse, a liberdade, a base de dados e a facilidade de encontrar os torneios (todos os torneios de VGC do mundo, estão armazenados em um único site), e a compatibilização mundial de dados que se faz presente de maneira constante.  

N-Party: Tem algum agradecimento especial? 
Gostaria de agradecer à Deus por me dar sempre um novo dia de vida. À Bat Banca, por me mostrar a Liga Pokémon e incentivar o início da minha liga aqui em Arapongas. À prefeitura do município, por apoiar  nossos torneios. Às lojas da V12: Meruru, Manticore e SuperNova,  por me chamarem a realizar torneios. Ao Bráz, por ter marcado presença em quase todos os meus torneios Premier em 2015. Aos comerciantes do mercadão de Arapongas por não reclamarem (muito) da gente usar o espaço deles. A a todos os outros Professores Pokémon que se dispuseram a buscar informação para expandir o VGC no Brasil.

E que a história de Helder seja inspiração para que outras ligas surjam no Brasil futuramente e que Pokémon competitivo cresça cada vez mais em nosso país!

Revisão: Caio Gomes

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