Os acertos e os erros da Brasil Game Show deste ano
Por Mario Toledo
Desde sua primeira edição em 2009 (e com o nome de Rio Game Show) que a Brasil Game Show vêm crescendo exponencialmente, a ponto de se tornar o maior evento de games da América Latina. Só em 2013, foram mais de 150 mil visitantes durante os 5 dias de feira, o que levou a organização a aumentar o espaço na edição deste ano, que ocupou os 5 pavilhões do Expo Center Norte.
Desta forma, era de se esperar que a BGS deste ano fosse a maior entre todas as edições realizadas. Em termos de estrutura, isso de fato foi verdade, mas não conseguimos ter a sensação de que a edição deste ano superou as edições passadas.
Lá estivemos, no dia 8 de outubro, para nosso quarto ano na BGS. Mesmo sem a participação da Nintendo, preparamos nossa pauta, carregamos nossos equipamentos, apontamos nossos lápis e nos organizamos para acompanhar as novidades da feira enquanto elas acontecessem.
Dentro do evento, ficou muito claro que o aumento da estrutura física permitiu um espaçamento maior entre os estandes, favorecendo a circulação do público nos dias de maior movimentação. Não há o que se reclamar em relação ao ambiente: todos os estandes eram acessíveis para cadeirantes, o chão era coberto por carpetes e o ar condicionado impediu que as pessoas se sufocassem com o calor de 35 graus da capital paulista durante os dias do evento.
A praça de alimentação foi um destaque a parte. Com um espaço muito maior, não faltaram mesas e nem lugares para se alimentar. É claro: todos os estandes eram de restaurantes fast-food, e o preço era relativamente alto. Mas o conforto e as opções disponíveis compensavam comer no local (até porque, o visitante não poderia sair do evento e voltar).
Mas se a grande estrutura do evento foi o ponto alto da BGS deste ano, então, sem dúvida, a visível falta de entretenimento para o público foi o ponto baixo. Os poucos estandes que trouxeram novidades para o público experimentar (entre eles, a Sony, Warner Bros e Ubisoft) estiveram lotadas, com filas imensas se formando em todos os dias abertos ao público, frustrando qualquer um que quisesse jogar os lançamentos da feira.
Os demais estandistas do evento eram, em grande parte, compostos de varejistas ou fabricantes de acessórios, que limitavam seu espaço para a venda de produtos. Foram pouquíssimos os estandes que permitiam que o visitante fosse acolhido e interagisse, de alguma forma, com atividades elaboradas.
Na verdade, ficamos até impressionados que um dos melhores estandes do evento era das Lojas Americanas, que dividiu seu espaço entre uma mini-loja para venda de produtos variados (incluindo chocolates e outras guloseimas), títulos diferenciados para se jogar (foi lá que jogamos Project Cars e outros games) e um palco em frente a uma arquibancada, onde o visitante poderia se acomodar e acompanhar apresentações, entrevistas e quizzes interativos.
A área voltada a jogos de computador não estava tão boa quando a do ano passado. A falta de algo voltado a League of Legends fez uma enorme diferença, que não conseguiu ser compensada com os torneios de Dota 2. Fora que nem a Level Up! nem a Blizzard compareceram, restando para a Ongame cumprir o papel de uma das poucas publishers do gênero presentes no evento.
Também haviam pouquíssimos estandes de estúdios indies brasileiros. Na verdade, isto foi curioso, pois o divulgado foi que haveria um pavilhão dedicado ao cenário indie nacional, mas era possível contar nos dedos os estúdios presentes, que estavam no local mais fundo do evento com seus espaços de 4m², quase sem divulgação.
O curioso é que sobrou bastante espaço no evento. A impressão que ficou é que a organização não conseguiu o número de apoiadores e estandistas dispostos a pagar os valores estipulados, resultando em áreas de grandes proporções sem utilização. Até mesmo o museu do video-game, que disponibilizou para o público jogar o acervo do próprio criador do evento, Marcelo Tavares, pareceu algo feito apenas para aproveitar um ambiente que não seria utilizado para nada.
O suporte dado aos criadores de conteúdo em geral (sejam eles jornalistas, sites especializados ou YouTubers) sempre foi um ponto forte da acessoria de imprensa do BGS, e este não foi diferente. Porém, muita confusão se deu quanto ao uso da sala Web do evento. A estrutura fornecida era ótima, mas não conseguimos nos concentrar em nossos trabalho e muito menos utilizar os recursos do espaço pelo simples motivo de que grande parte dos usuários da sala era composta de uma galera que não parava de gritar e fazer bagunça, e de forma bastante desrespeitosa.
Fora que, nos dias abertos para o público, a sala ficou impossível de ser acessada uma vez que alguns YouTubers famosos e outras celebridades da internet a utilizaram para repousar ou para socializar, formando uma grande massa de fãs na porta do espaço e obrigando os seguranças do evento a se organizarem para impedir o assédio. E no meio da confusão, alguns YouTubers foram expulsos do evento. Ao invés de comentar sobre o ocorrido, achamos mais fácil que você assista ao vídeo abaixo dos irmãos Piologo, que retrata um pouco de nossa opinião.
Existem outros detalhes que influenciaram, de forma negativa, a nossas experiências no evento, como a super-lotação no final de semana, a falta de fiscalização do transporte gratuito, um baixo investimento da área business, falta de suporte a estandistas menores e a falta de um cronograma de fácil acesso das atividades de cada estande.
Apesar de ainda ser o maior evento de games da América Latina, a impressão que dá é que o Brasil Game Show se tornou um evento caro para o que é oferecido. Até ano passado, não existia uma concorrência a altura da feira, mas neste ano, tivemos duas edições da X5 Mega Arena, e teremos outros eventos de mesmo porte, como o Comic Con Experience, que possui valores mais baixos para o aluguel de estandes, favorecendo os apoiadores. E a tendência é que surjam, cada vez mais, iniciativas e investimentos como estes, tirando o foco do Brasil Game Show como o principal evento de games nacional.
Você foi à BGS deste ano? Quais foram as suas impressões e experiências? Não deixe de comentar!
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