[Review] LEGO The Lord of The Rings
Por Mario Toledo
O sucesso dos jogos de LEGO da Traveller`s Tales garantiu uma grande reputação para a desenvolvedora. Atualmente, os jogos de LEGO são considerados os melhores games baseados em filmes, trazendo uma fidelidade difícil de ser visto em games do gênero.
Esta reputação fez com que a desenvolvedora pudesse sonhar alto, desenvolvendo o jogo de uma das séries mais amadas da literatura e do cinema - O Senhor dos Anéis (The Lord of The Rings) é venerado em escala mundial, e faz parte da leitura obrigatória em países estrangeiros, assim como Memórias Póstumas de Brás Cubas faz parte de nossa linhagem de obras obrigatórias a serem lidas durante o ensino médio.
Isto apenas mostra a grandiosidade do projeto, havendo a necessidade de tratar a série com uma maior seriedade. E isto é facilmente perceptível no momento em que você começa a jogar LEGO The Lord of The Rings.
Sou fã de O Senhor dos Anéis, e não digo isto como alguns destes que apenas assistiram o filme - li a maioria das obras de Tolkien referente a Terra Média, incluindo "O Silmarillion" e "Os filhos de Húrin", e estive em uma alta expectativa sobre este game desde seu anúncio, pois não sou só fã de LOTR, como principalmente, aprecio os games da série LEGO. Jogar este game antes do lançamento de O Hobbit trouxe um sentimento único, que me fez até mesmo rever os filmes novamente.
A Traveller`s Tales é famosa pela semelhança de seus jogos com a série baseada. Mas muito mais que isto, os jogos da TT conseguem adaptar tudo ao mundo de LEGO, de uma forma divertida e bem humorada. Porém, para trabalhar com O Senhor dos Anéis, a TT teve de deixar as brincadeiras um pouco mais de lado para trabalhar em um dos jogos mais sérios da série LEGO.
Diferente dos games anteriores, em que os personagens se comunicam apenas por expressões corporais, em LEGO LOTR, os personagens possuem as mesmas falas dos filmes - o áudio utilizado nos cinemas foi liberado para uso no jogo, e isto permitiu que todas as CG`s do game fossem muito semelhantes a algumas cenas do filme, mas de uma forma um pouco mais corrida.
As animações do jogo lembram muito as cenas dos filmes.
Não só a fala de cada personagem foi capturada do filme, como também a trilha sonora. Enquanto o jogador atravessa os demais cenários do jogo, é possível escutar as músicas clássicas que remente a aquele ambiente, como a música suave e alegre do Condado, ou a trilha da Sociedade do Anel em momentos heróicos.
A trilha sonora alegre do Condado entra em contraste com as fortes cores do local.
Os fãs de Tolkien devem concordar que a Terra Média é praticamente um personagem a parte em todos os seus livros, contendo diversos detalhes e muitas histórias escondidas. Devido a isto, em LEGO LOTR, o jogador pode circular livremente pela Terra Média, saindo do Condado e viajando pelas terras Ermas, podendo chegar a Mordor depois de uma longa caminhada.
O mapa é muito gigante, e contém muitos segredos escondidos. É claro que tudo teve de ser adaptado - sabemos que é impossível sair de Valfenda e chegar a passagem de Kharadras num piscar de olhos, e pegar uma rota alternativa, descendo a montanha para chegar a entrada de Moria - mas mesmo assim, o jogador consegue se perder facilmente enquanto viaja, e sempre pode encontrar novos caminhos ou passagens secretas.
O apelo que O Senhor dos Anéis tem com o sistema RPG é altíssimo, e devido a isto, LEGO LOTR teve de sofrer algumas adaptações para melhor se assimilar a série. Para começar, os personagens possuem um invetário agora, do qual podem conter até 8 ítens. Muitos dos personagens possuem equipamentos únicos, como Legolas possui seu Arco, Gimli seu machado, e Sam possui sua frigideira.
Além disto, os personagens possuem habilidades únicas: Legolas consegue saltar muito mais alto do que os outros personagens, e em alguns pontos, consegue atirar flechas para criar pontos de equilíbrio. Gimli consegue abrir caminhos específicos, batendo em rachaduras no solo ou na parede - quando inancançáveis, algum dos personagens maiores precisa arremessa-lo. Existem outras habilidades de segundo plano, presentes para dar alguns aspectos visuais, como o fato dos personagens pequenos terem de ser carregados pelos maiores na passagem de Kharadras, enquanto Legolas consegue passar por cima da neve, com maior agilidade.
As habilidades únicas de cada personagem devem ser usadas em várias partes do jogo.
Em vários pontos do mapa, o jogador pode encontrar peças de Mytrhil escondidas. Estas peças podem ser usadas para construir equipamentos ou ítens novos no ferreiro de Bri - cada novo ítem fornece ao personagem uma habilidade específica, ou o aumento do ataque ou defesa.
Também é possivel conversar com alguns NPC`s nos mapas, recebendo uma quest específica, como recuperar um determinado ítem, ou derrotar um determinado inimigo. Concluir estas quests permite que o jogador receba recompensas únicas, variando de moedas de dinheiro a peças de Mytrhil.
Outro ponto interessante são gameplays únicos em determinadas fases. Durante a fuga do Condado, por exemplo, Frodo passa a andar abaixado, para não ser encontrado pelo Nazgul. Caso o jogador acabe se aproximando do Nazgul, Frodo ficará tentado a colocar o anel, e o jogador deve pressionar rapidamente o botão Z para evitar que isto aconteça. Isto também acontece quando Gandalf enfrenta Saruman, e o gameplay muda para um estilo único de batalha, assim como quando Gandalf cai junto com o Balrog, e o jogador deve pressionar sequências de botões para atacar o bicho.
Muitas destas sequências de gameplay permitem uma jogatina em multiplayer em split-screen, feitas com muita originalidade. Por exemplo, quando os Hobbits são atacados no Topo do Vento, Frodo coloca o anel. Enquanto o jogador 1 controla Frodo em seu universo paralelo, o jogador 2 deve controlar Sam, e juntos, devem completar o puzzle para prosseguir com o jogo.
Quando Frodo coloca o anel, ele entra em uma nova dimensão. Em um destes momentos, os jogadores devem jogar em multiplayer.
Existem diversos personagens a serem desbloqueados. Muitos até mesmo baseados em descrições do livro, como Tom Bombadil e Gloin - cada um com habilidades únicas e pertecentes a sua própria raça. Estes personagens devem ser comprados com o dinheiro coletado nas fases (assim como nos demais jogos de LEGO).
Porém, nem tudo são flores. Existem muitos bugs em LEGO LOTR, e muitos deles são altamente perceptíveis. Logo no começo, foi possível perceber alguns detalhes que me fizeram pensar se não estava jogando uma versão beta do jogo.
O game também não possui quase nenhum obstáculo, ou algo que se torne desafiante para o jogador (nem mesmo derrotar hordas de inimigos é difícil, pois basta apertar o botão de ataque várias vezes, e seu personagem dará conta do recado). É claro que quem esta acostumado a jogar os jogos da série LEGO, não chega a se importar com isto, pois sabe como o game funciona.
Outra coisa que me frustrou como fã é que fiquei na expectativa de poder controlar todos os personagens da Sociedade enquanto os mesmos estavam juntos (desde a saída de Valfenda, por exemplo), mas só é possível utilizar 3 personagens na tela, devendo selecionar os outros no menu, segurando o botão c, e que são substituidos pelos atuais.
No geral, LEGO The Lord of The Rings é excelente para aqueles que gostam de O Senhor dos Anéis, e quer dar uma relaxada do dia a dia, passeando pela Terra Média. Mas tenha em mente que o jogo não trará desafios maiores.
Análise
Prós
√ Muito fiel aos filmes e livros
√ Muito fiel aos filmes e livros
√ O sistema "sandbox" da Terra Média é algo muito atrativo, e garante que o jogador passe horas vasculhando cada local.
√ Os elementos de RPG agregaram muito ao jogo.
√ Os elementos de RPG agregaram muito ao jogo.
Contras
X Muitos bugs.
X Não possui maiores desafios.