Conversamos com desenvolvedores indies brasileiros na X5 Mega Arena para entender suas relações com a Nintendo
Por Mario Toledo
A segunda edição do XMA - evento que têm acontecido em São Paulo entre os dias 25 e 28 de setembro - conta com um espaço de 300m² voltado a desenvolvedores indies, que expuseram seus jogos para o público experimentar de maneira totalmente livre.
Muitas das desenvolvedoras do local já tiveram suas relações com a Nintendo. como o caso da Catnigiri. Seu jogo, chamado Popeman, permite que o jogador controle o Papa, com o objetivo de defender sua catedral de diversos inimigos. O game, que foi desenvolvido em Unity, será lançado para várias plataformas no mês que vêm, e existem possibilidades de ser lançado para o Wii U, ou pelo menos é o que os responsáveis pela desenvolvedora desejam. O único problema, neste caso, é que talvez o jogo seja rejeitado devido a quebrar algumas das políticas mais clássicas da Nintendo (como mudar contextos religiosos, por exemplo). Segundo os responsáveis pelo jogo, a Nintendo já está ciente do game, e já fez a liberação para seu futuro lançamento.
Já no caso de Ninjin, um jogo de shooter feito pela Pocket Trap, não existem expectativas de um lançamento para os consoles da Nintendo. Segundo um de seus desenvolvedores, graças aos kits de desenvolvimento da Nintendo terem sido barrados pela alfândega brasileira, ficou impossível investir no desenvolvimento para os consoles da Big-N.
Além disto, apesar do Wii U e do 3DS suportarem o uso de HTML5 (o que, teoricamente, favoreceria os desenvolvedores, graças a portabilidade para várias plataformas), é complicado transformar um jogo feito originalmente em C++ para uma linguagem mais dinâmica como a nativa para o Wii U ou 3DS.
A situação dos estúdios indies brasileiros com a Nintendo não é boa. Apesar da empresa estar investindo mais na área, e até mesmo estar investindo em engines mais abrangentes, como o Unity, já ouvimos várias reclamações de desenvolvedores que não conseguem a liberação para o uso da framework nativa para os consoles da Big-N. Existem raríssimos estúdios que conseguiram a permissão, como o caso da QUByte Games, que está desenvolvendo o HTR+, e ainda sim, através do Unity.
Porém, existem outras desenvolvedoras que conseguem trabalhar indiretamente com os periféricos produzidos pela Nintendo. A Xframe, por exemplo, produziu dois advergames que utilizam os demais sensores do Wiimote em games que buscam uma simulação mais próxima da realidade. Em um deles, o jogador controla uma moto e pode competir em multiplayer com outros jogadores, enquanto em outro jogo, através de uma modificação no Wiimote (e até mesmo no próprio Wii), o jogador consegue controlar um barco de velejo utilizando um leme, acoplado em um pequeno estande.
Segundo um dos responsáveis pelo estúdio, o uso de sensores de movimento permitiu que os jogos se tornassem abrangentes para qualquer idade, sendo a sensação dos demais eventos onde eles fizeram a demonstração.
Acredito que existam poucas opções para o desenvolvedor brasileiro que quer, de alguma forma, desenvolver para as plataformas da Nintendo. Infelizmente, as plataformas da Big-N perdem (e muito) para as concorrentes. Enquanto isto, o mercado voltado a homebrews e pesquisas científicas que utilizam, de alguma forma, os demais periféricos da Nintendo, cresce sem qualquer tipo de investimento da parte da empresa.
Adoraria ver um kit de desenvolvimento livre para o Wiimote ou GamePad da mesma forma como a Microsoft fez para o Kinect, apesar de saber que isto será praticamente impossível, devido a muitas das políticas antiquadas da Nintendo.