Finalmente caímos na porrada em Super Smash Bros. para 3DS
Por Mario Toledo
O desejo de ver uma versão de Super Smash Bros. para os consoles portáteis existe desde há muito tempo atrás, onde os homebrews tiveram a importante tarefa de nos mostrar que os antigos portáteis não suportariam uma versão do jogo com a mesma experiência das versões para os consoles de mesa.
Porém, o Nintendo 3DS surpreendeu em seus quesitos técnicos, e de repente, uma versão portátil de Super Smash Bros. não era mais apenas um sonho. Quando o Super Smash Bros. para 3DS foi enfim anunciado, surgiu uma importante pergunta: seria possível adaptar o estilo dinâmico do jogo para o portátil sem perder a qualidade mostrada nos demais títulos da série?
Parte desta pergunta foi respondida na demo lançada há 3 semanas atrás, que mostrou um pouco de como o game tinha ficado. E com o lançamento oficial do jogo, ficou claro que Super Smash Bros. para 3DS superou muitas das expectativas criadas antes e depois de seu anúncio.
O game trouxe tudo o que um fã de Super Smash precisa: batalhas com 4 personagens da Nintendo, cenários dinâmicos e uma boa dose de inovação a partir dos novos itens, modos de jogo e das mudanças realizadas para balancear a competitividade.
Basta falarmos que o jogo roda lindamente em 60 frames por segundo para o colocarmos entre os games mais bonitos do 3DS. Mais do que isto: os modelos estão bem feitos, apesar de algumas falhas de anti-aliasing ao renderizar alguns objetos na tela (em especial os textos com tamanhos maiores, como o nome dos personagens na tela de vitória).
Também é fácil identificar os lutadores no cenário graças a borda os destaca entre entre os planos. E é curioso, porque a configuração padrão da borda já torna muito sutil o destaque do personagem, e é quase imperceptível o seu contorno na tela.
As configuração das batalhas continua exatamente como antes, exceto pelo fato de que, agora, não é possível selecionar a frequência da aparição de alguns itens: ou eles estão no jogo, ou não estão. A dinâmica das lutas mudou ligeiramente, com destaque para as bordas das fases, que agora não são mais tão seguras quanto eram (um adversário consegue lhe tirar da borda mesmo se você estiver se segurando e ele caindo).
Para quem sempre jogou Smash utilizando o controle do GameCube, levará um tempo para se acostumar com os controles do 3DS. Sem um botão grande e verde, fica difícil lembrar que o botão A é usado para atacar e o B é usado para disparar projéteis, e não existe uma forma de configurar estas funções em outros botões. Além disto, você é obrigado a utilizar o analógico para se movimentar, enquanto o D-Pad é utilizado apenas para as provocações. De fato, o risco de quebrar o analógico é alto, assim como já vimos muitos controles do GameCube quebrando nas mãos de visitantes de nossos espaços nos demais eventos que participamos. Infelizmente, este é um risco que o jogador terá que tomar.
O gameplay de cada um dos 48 personagens é bastante criativo, e a possibilidade de ajustar seus comandos é extremamente bem vinda, facilitando para os jogadores mais experientes. É difícil falar que um personagem é melhor que o outro, pois cada um utiliza uma mecânica diferente, e lutei contra muitos jogadores que utilizam um personagem mais diferente do que o outro (basta falar que o Lucas, o ganhador do campeonato oficial do jogo, venceu todas as partidas utilizando o Duck Hunt Dog). Fora que, a possibilidade de criar e customizar um Mii para lutar permite uma variedade absurda na maneira como o personagem se comporta, permitindo que o jogador escolha exatamente qual o estilo que se melhor se adéqua a seu modo de jogo.
Existe muito a se fazer no game, e muitas coisas para serem desbloqueadas (tanto quanto havia para se desbloquear em Super Smash Bros. Brawl). Em cada modo, o jogador pode ganhar moedas virtuais, usadas para compras de novos itens ou troféus, ou para gastar em apostas e tentar ganhar ainda mais moedas. Além disto, o jogador pode desbloquear novas fases, troféus e itens através de um mural de conquistas um pouco mais limitado do que o do Brawl, mas que cumpre seu papel em forçar o jogador a se desafiar em outros modos.
O modo "Sub-Space Emissary" não existe mais. Ao invés disto, o jogador pode encarar o modo "Classic", que permite que seu personagem ande por uma espécie de tabuleiro, devendo escolher o caminho a ser seguido. Cada rota possui sua própria dificuldade, e ao parar em um dos espaços, o jogador deverá lutar contra 1 ou mais adversários na arena.
O modo "All-Stars" agora possui uma ordem cronológica, onde o jogador deve derrotar os personagens na ordem do lançamento de seu jogo original. E este modo é incrivelmente desafiante até mesmo para os jogadores mais experientes, ainda mais na configuração do modo "hard".
Os demais mini-games também possuem um nível gradativo de dificuldade, e permitem que o jogador se descontraia nos momentos de frustração quando tiver perdido alguma batalha ou conquista.
Já o modo "Smash Run", exclusivo do 3DS, é um pouco diferente. O mapa é grande, e é muito fácil se perder. Fora que, algumas vezes,é difícil escolher entre explorar o ambiente ou derrotar os monstros, e nos piores momentos, ser derrotado implica em perder grande parte do tempo investido. E tudo isto culmina em uma batalha contra personagens que, até então, você não tinha visto no mapa. Não que o modo seja ruim, mas no mínimo, ele não é um destaque do jogo.
Contudo, apesar dos novos modos de jogo, o destaque de Super Smash Bros. para 3DS deveria ser nas novas formas de interação multiplayer que ele trouxe para a série. Os modos "For Fun" e "For Glory" separam bem os desafios, e existem várias regalias para os modos online, como a possibilidade de assistir partidas de outros jogadores, ou entrar em uma sala de um amigo que estiver jogando.
Porém, é comum que aconteçam falhas de comunicação que resultam no famoso "lag", tanto no modo online quanto no wireless. A frequência não é grande, e depende do ambiente em que o jogador estiver (seja em uma conexão com a internet ou em um lugar com muitas interferências), mas é difícil que aconteça uma partida sem uma ocorrência de problemas de comunicação, e isto atrapalha bastante a jogatina.
Super Smash Bros. para 3DS superou muito as minhas expectativas em diversos sentidos, e sem dúvida, é um dos melhores títulos do portátil. Porém, ele está longe de ser o jogo perfeito, e algumas falhas, mesmo que pequenas, impedem que ele seja uma versão melhor do que as antecessoras. Na minha opinião, jogar Super Smash Bros. em multiplayer ainda é mais divertido em uma televisão grande, compartilhada com seus amigos, utilizando joysticks.