Próximo passo da Nintendo: Renovação
Por Fabricio Luz
Diversos sites (especializados em games ou não) publicaram matérias focadas na Nintendo nas últimas semanas. Tudo isso foi devido a crise financeira da empresa, e os reais problemas que enfrentarão no restante de ano fiscal e nos próximos. Nós não sabemos o que poderia salvar a Nintendo neste momento, mas uma coisa é clara: algo precisa ser feito.
A estratégia da empresa, que se esforça em trazer jogadores para seus consoles, aparenta não estar funcionando. Embora o portátil 3DS tenha alcançado ótimos números de vendas pelo mundo todo e até conseguindo ser o console mais vendidos dos EUA, ele não obteve os resultados que a Nintendo esperava. Já o Wii U, que desde os primeiros meses de lançamento esteve vendendo pouco, continua deixando a desejar.
A Nintendo ainda não divulgou dados oficiais de consoles Wii U vendidos no mês de dezembro, mas, se levarmos em conta as informações do último relatório da empresa, ele não deve ter sido bom.
Satoru Iwata esperava vender 9 milhões de Wii U até o final de ano fiscal da empresa (em abril), mas este número foi reduzido para 2,8 milhões - menos de um terço do esperado. Este valor deixará toda a empresa no vermelho e pode causar consequências no futuro.
Todos esses problemas são temporários e podem ser superados por uma empresa do porte da Nintendo, mas é preciso de uma atitude mais séria. Com palavras do próprio Iwata, eles "precisam saber lidar melhor com o crescente mercado de tablets/smatphones". Só que isso não é tão simples quanto lançar um game da série Mario para Android.
Lançar um The Legend of Zelda para Android ou iOS certamente traria dinheiro para os cofres da companhia japonesa, mas isso dificilmente aconteceria num futuro próximo. As consequências desse tipo de lançamento podem ser uma possível diminuição nas vendas dos hardware da empresa e também de sua base de público. Mas, fora isso, ainda há o aspecto dos fãs que não devem gostar de jogar numa tela touch de um celular comum.
O público alvo de um aparelho portátil voltado à games é diferente de um celular com suporte a jogos. Os títulos por si só são diferentes. Devido a ausência de controle físico, às vezes (leia-se MUITAS vezes) é difícil ter a mesma experiência de aparelho para jogos num smartphone. Isso iria prejudicar a experiência do jogador e certamente não é este o objetivo de uma empresa como a Nintendo.
O que a Big N atualmente busca, - e foi o que o Iwata disse em coletiva - é uma alternativa de usar esses aparelhos a seu favor (não que irão lançar games para iOS ou Android) Da mesma forma como colocaram à venda o aplicativo de PokeDex 3D no iTunes Store, é possível que tenham mais aplicativos que sejam complementares para os jogos first party da empresa.
Como atrair atenção para o Wii U?
Por mais que a Nintendo esteja passando por sérios problemas financeiros, eles ainda podem usar o Wii U a ser favor. Ela mesma não tem aproveitado os recursos que seu novo console de mesa nos oferece, como é o uso do GamePad. As possibilidades que o controle pode proporcionar na jogabilidade dos jogos são imensas, coisas que seus concorrentes não conseguem fazer da mesma forma. O jogo Nintendo Land é uma prova disso.
Infelizmente não foram muitas empresas que usaram o diferencial do console a seu favor. Uma das poucas foi a Ubisoft e seu ZombiU. O título proporciona muita diversão e o Game Pad é muito bem utilizado, mas, devido a baixas vendas (tanto do console quanto do game), boa parte do público não teve oportunidade de ver do que este survival horror é capaz.
Outro elemento que não tem sido muito bem aproveitado é o fator multiplayer. A Nintendo sempre dominou este quesito, desde a era dourada do N64, entretanto isso não está acontecendo com o Wii U. E mais uma vez o Game Pad entra em jogo: a possibilidade de ter cinco jogadores localmente sem a necessidade de outro aparelho. Essa é uma vantagem que só a Nintendo oferece e coloca a empresa à frente dos concorrentes. Porém, o que se vê no crescente acervo de jogos do Wii U não chega aos pés do que o fator multiplayer pode oferecer para os seus jogadores.
A oportunidade da Nintendo reverter tal situação é agora, e 2014 mostra uma grande chance para isso. Entretanto, falta algo além disso tudo.
O mundo está conectado
Já discutimos sobre os problemas do modo online da Nintendo por diversas vezes, mas cada vez isso se mostra mais importante para o futuro da empresa. Casos como o do Pokémon Bank só evidenciam a falha que a companhia tem neste setor.
A Sony e a Microsoft já provaram suas qualidades neste setor e os jogadores (quase) não têm do que reclamar. A Big N, por outro lado, possui o Miiverse e até agora poucos atrativos e/ou vantagens disponíveis dentro do serviço. Além disso, precisam reverter a situação com a eShop que, até agora, não estão unificadas.
Se você comprar um jogo de Super Nintendo no Virtual Console do Wii U, você tem que ter o mesmo direito de jogá-lo no seu 3DS, por exemplo. Isso torna muito mais vantajoso para os que já possuem os dois consoles da Nintendo e muito mais atrativo para aqueles que ainda não os adquiriu. Tudo isso aumentaria (consideravelmente) a durabilidade dos jogos e deixaria todo o cenário Nintendo mais atrativo ao público.
A ausência de um bom marketing
Da mesma forma como acontece no serviço online de seus consoles, o marketing da Nintendo não anda lá muito bom. Por incrível que pareça, é comum uma criança pedir um Wi U para o pai e ele trazer um Wii. Além, claro, daqueles que ainda acham que o Wii U é um acessório e não um console totalmente novo (acredite, existem muitas pessoas que ainda acham isso).
A Nintendo precisar revitalizar-se, e, para isso, ela tem que se comunicar mais. Dar enfâse dos pontos positivos de seu hardware e finalmente e mostrar para que o Wii U veio ao mercado. O console pode até não ser tão atraente que seus concorrentes, mas já pudemos presenciar a capacidade dele proporcionar diversão a seus consumidores. Basta apenas a Nintendo se tornar mais solícita com seu mais atual hardware e assim, as third parties se sentirão muito mais atraídas ao investimento.
Ah... o futuro
Poderíamos ficar aqui por muito tempo discutindo e apresentando diversas soluções para a empresa, porém o que a Nintendo precisa podemos definir em uma palavra: renovação. Não se esqueçam de que eles já foram uma empresa de cartas de baralho e hoje se tornaram um dos principais nomes no ramo de games do mundo. A Big N sabe que o momento dela renascer é agora e, por mais que ela esteja passando por grandes dificuldades e esteja num momento crucial, uma coisa podemos ter certeza: ela ressurgirá e brilhará como sempre. Por isso, fique tranquilo, as principais franquias da Nintendo não irão aparecer tão cedo smartphones e/ou tablets - como falamos recentemente.
Enquanto nenhuma ação é tomada, a expectativa por um futuro cheio de sucesso permanece e estaremos aqui, acompanhando cada novo passo de quem encantou e ainda encantará muitas gerações. Uma empresa que nos trouxe Mario, Zelda, Metroid e tantas outras inovações nestas últimas décadas, não terá nenhuma dificuldade para se superar e isto ela já provou.
Colaboração: Caio Gomes